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Embaixador britânico é chamado a dar explicações sobre espionagem em Berlim

Embaixador Simon McDonald "foi convidado para uma reunião por iniciativa do ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle", indicou o ministério em um comunicado

Berlim - O embaixador britânico foi "convidado" a se apresentar ao Ministério alemão das Relações Exteriores para explicar informações veiculadas pela imprensa sobre um suposto programa de espionagem na representação britânica em Berlim, anunciou o governo alemão.

O embaixador Simon McDonald "foi convidado para uma reunião por iniciativa do ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle", indicou o ministério em um comunicado.


O diplomata foi convocado, como foi o caso do embaixador dos Estados Unidos, depois de o governo federal ter expressado suas preocupações sobre um possível grampo do telefone celular da chanceler Angela Merkel pelos americanos.


[SAIBAMAIS]O ministério pediu para que McDonald "tome uma posição sobre as informações que circulam nos meios de comunicação britânicos, e ressaltou que a interceptação de comunicações a partir de uma missão diplomática viola o direito internacional". Documentos entregues pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, Edward Snowden, e fotografias aéreas sugerem que o Reino Unido possui um dispositivo de espionagem instalado sob o telhado da sua embaixada em Berlim, informou nesta terça-feira o jornal britânico The Independent.


Esta é a segunda vez em menos de duas semanas que um representante anglo-saxão é convocado a se apresentar para comentar acusações de espionagem.

Em 24 de outubro, o embaixador americano foi chamado após o governo alemão expressar suas preocupações relativas a um possível grampo do telefone celular da chanceler Angela Merkel pelos serviços secretos dos Estados Unidos.


Tal notificação "ocorre raramente e é a expressão da grande preocupação gerada por essas informações", declarou na ocasião o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert. A Alemanha adota a mesma atitude no que diz respeito ao Reino Unido, mas em um tom mais sóbrio. Na linguagem diplomática, o convite a um embaixador tem menos força do que uma convocação.


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Os documentos da NSA divulgados nos últimos meses "indicam que agência britânica GCHQ, com os Estados Unidos e outros parceiros-chave, opera uma rede de estações de espionagem a partir de edifícios diplomáticos espalhados pelo mundo, que interceptam dados no país de acolhimento", escreveu o jornal The Indepedent.


Esses documentos, "em conjunto com fotografias aéreas e informações sobre as atividades de espionagem na Alemanha, sugerem que a Grã-Bretanha mantém sua própria estação de escutas a poucos passos do Parlamento alemão (...) e do gabinete de Angela Merkel, utilizando equipamentos de alta tecnologia no telhado da embaixada".


Segundo o jornal, uma estação de escuta americana semelhante sob o telhado da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, a 150 metros das instalações diplomáticas britânicas, foi aparentemente fechada na semana passada, após as revelações do suposto monitoramento do celular de Angela Merkel. O jornal se baseia em "imagens de infravermelho da televisão alemã ARD", gravadas em 24 e 25 de outubro, que "sugerem que os equipamentos de espionagem na embaixada americana (...) foram desativados".


Segundo a agência alemã DPA, citando uma fonte do serviço secreto alemão, a embaixada britânica em Berlim é alvo de monitoramento desde as primeiras revelações sobre a NSA em junho. "Cada informação tem sido investigada", declarou um porta-voz do serviço.

Procurada pela AFP, uma porta-voz de Downing Street se recusou a ;comentar qualquer questão de inteligência".


Na Alemanha, país que tem impulsionado um acordo de não-espionagem entre aliados, o presidente da comissão de controle dos serviços secretos do Parlamento, Thomas Oppermann, afirmou: "Devemos levar em conta o fato que nós somos espionados por nossos amigos, por mais difícil que isso seja". No final da semana, o deputado alemão Hans-Christian Str;bele esteve com Edward Snowden na Rússia, onde ele se encontra refugiado.


Neste contexto, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta terça-feira aos líderes europeus reunidos em Varsóvia para que não deixem o escândalo da espionagem dificultar as negociações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos para a criação de uma zona de livre comércio.


Além disso, o jornal Folha de São Paulo revelou três operações dos serviços de contra-espionagem brasileiro em 2003 tendo com alvo agentes franceses suspeitos de uma ação de sabotagem na base de Alcântara, onde uma explosão deixou 21 mortos. As investigações não forneceram qualquer evidência de um possível envolvimento dos indivíduos investigados.