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Papa Francisco quer fazer da luta contra a escravidão uma prioridade

Segundo ele, a Santa Sé prepara para 2015 uma reunião de quatro dias a este respeito



A Santa Sé prepara para 2015 uma reunião de quatro dias sobre esta questão. "Eu gostaria de fazer algo com o material" deste seminário, teria dito o Papa a Sorondo, que destacou o envolvimento pessoal de Francisco em um problema que a Santa Sé, até então, "não havia reconhecido a gravidade".

O Papa sempre denuncia, quando tem a oportunidade, a "globalização da indiferença" que facilita o tráfico de seres Humanos, "a escravidão mais comum do século XXI".

Entre as formas de trabalho forçado mais preocupantes, principalmente na América Latina, o pior é o de crianças e adolescentes que vendem drogas, que se tornam "prisioneiros" do tráfico, denunciaram os participantes.

Com as organizações criminosas existe uma "cooperação, às vezes inconsciente, de muitas empresas multinacionais e até mesmo de governos", denunciou o bispo Sorondo.

O tráfico de órgãos também foi discutido neste encontro. Segundo Sorondo, a cada ano 20.000 pessoas são forçadas a dar um órgão (fígado, rim, pâncreas, córnea, pulmão ou coração) às redes criminosas, muitas vezes com a cumplicidade de médicos e enfermeiras.

As redes criminosas, ativas em 160 países, são como "estradas sobre nas quais muitos veículos diferentes podem circular, todos de forma ilegal", revelou o especialista argentino Juan Jose Lach, que ressalta a capacidade de adaptação segundo as demandas "do mercado", ainda que nos últimos anos tenha sido registrado "uma melhoria na qualidade da informação".

A miséria, a falta de instrução, famílias desestruturadas, a proteção e a cumplicidade das autoridades fazem com que muitos jovens em todo o mundo caiam nas redes criminosas.

O presidente da FIAMC, Dr. José Maria Simon Castellvi, elogiou como "uma mudança histórica" a atitude dos participantes frente à prostituição. "A linha é a tolerância zero. A prostituição deve desaparecer, não é um mal menor", disse, ressaltando que "a prostituição está sempre ligada à violência da máfia, às drogas".

Dois milhões de pessoas são vítimas de tráfico sexual por ano, entre elas 60% são meninas, de acordo com dados divulgados durante o seminário.