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Presidente deposto egípcio reivindica legitimidade em julgamento adiado

Na primeira aparição pública desde que foi deposto e detido pelo exército, o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente afirmou que continuava sendo "o presidente da República"

Cairo - O presidente deposto egípcio Mohamed Morsy reivindicou nesta segunda-feira (4/11) sua legitimidade, na abertura de seu julgamento por suposta incitação ao assassinato de manifestantes, que foi adiado até 8 de janeiro. Na primeira aparição pública desde que foi deposto e detido pelo exército, o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente afirmou que continuava sendo "o presidente da República", acrescentando que era preciso julgar os líderes do golpe militar que o derrubou no dia 3 de julho. Em tom de desafio, Morsy chegou vestido de terno, ao invés da roupa branca utilizada pelos detidos.



Posteriormente, o novo poder reprimiu de forma sangrenta os manifestantes pró-Morsy, em particular desde 14 de agosto, quando policiais e soldados mataram centenas de seus partidários ao dispersar um protesto no Cairo. Desde então, mais de mil manifestantes morreram e mais de 2.000 membros da Irmandade Muçulmana foram detidos, incluindo seus principais líderes.Morsy, que pode ser condenado à pena de morte ou à prisão perpétua, chegou nesta segunda-feira de helicóptero ao tribunal, situado na academia de polícia, adjacente à prisão de Tora, na qual estão detidos os principais líderes da Irmandade Muçulmana.

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Com ele havia 14 co-acusados, ex-líderes do grupo e membros de sua guarda pessoal, também acusados de incitação ao assassinato no dia 5 de dezembro de 2012. Naquele dia, após seis meses no poder, Morsy estabeleceu por decreto que se situaria acima de qualquer controle judicial, o que motivou as manifestações ante seu palácio. Estimando que a polícia não havia conseguido proteger o presidente, a Irmandade Muçulmana pediu que seus partidários desalojassem os manifestantes. Este recurso à violência reforçou a oposição que, seis meses mais tarde, saiu às ruas para exigir a queda de Morsy, o que ocorreu quando ele foi deposto pelos militares.

Para a Anistia Internacional, este processo é um teste para as autoridades interinas. Para a ONG, se o julgamento não for justo, é concebível que possa ter motivações ocultas. Para Shadi Hamid, do Brookings Doha Center, é impossível que este julgamento, "sobretudo político", seja livre e justo. Já as autoridades egípcias interinas negaram qualquer intenção política.