Teerã - O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, declarou neste domingo que "não está otimista" sobre as negociações nucleares, mas garantiu que apoia a equipe de negociação iraniana, de acordo com o seu site oficial Khamenei.ir. "Eu não estou otimista sobre as negociações", declarou Khamenei a estudantes, acrescentando, no entanto, que "ninguém deve enfraquecer os negociadores, que têm uma missão difícil".
Se as negociações forem bem sucedidas, "melhor, se não, isso significará que o país deve contar com sua própria força", disse Khamenei. "Não estou otimista em relação as atuais negociações porque não está claro se permitirão atingir os resultados esperados pela nação", explicou.
Ele acrescentou que "a questão nuclear é um pretexto, porque se um dia ela for resolvida, outros pretextos irão surgir, como os progressos do Irã em termos militares, a oposição do Irã ao regime sionista ou nosso apoio à resistência" frente a Israel.
[SAIBAMAIS]"Nós não devemos confiar em um inimigo que nos sorri. Os americanos sorriem para nós e dizem que querem negociar, mas ao mesmo tempo, eles dizem que todas as opções estão sobre a mesa", considerou, acrescentando que os Estados Unidos não podem "fazer nada" contra o Irã. "Aconselho os diplomatas a não cometerem erros levados pelo sorriso do inimigo", insistiu o aiatolá.
Além disso, o aiatolá chamou o regime de Israel de "ilegítimo e bastardo", neste discurso a poucos dias do 34; aniversário da tomada da embaixada americana em Teerã. "Os americanos devem levar em conta os sionistas (nas negociações nucleares com o Irã). Desde o início alertamos que o regime sionista é ilegítimo e bastardo", declarou.
Esta é a primeira vez que o número um iraniano critica Israel desta maneira desde a eleição à presidência do moderado Hassan Rohani, em junho de 2013. O ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, ao contrário de seu sucessor, tinha o hábito de fazer declarações ameaçando Israel de destruição e negando o Holocausto.
O Irã e os países do grupo 5%2b1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), que retomaram as discussões em meados de outubro sobre o polêmico programa nuclear iraniano, devem se encontrar na quinta-feira e sexta-feira em Genebra.
As duas partes decidiram não revelar detalhes sobre as negociações em curso para tentar garantir o seu sucesso. Contudo, vários líderes iranianos afirmaram que elas poderiam durar até um ano antes de serem concluídas. "Acredito que nós podemos chegar a um acordo sobre os detalhes em menos de três meses e chegar a uma conclusão geral de todas as negociações em um período de um ano", declarou neste domingo Abbas Araqchi, o chefe dos negociadores do Irã, citado pela agência oficial IRNA.
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O Irã estabeleceu várias linhas vermelhas nas negociações. O país rejeita suspender seu programa de enriquecimento de urânio, enviar ao exterior seu estoque de urânio já produzido e fechar as instalações de Forno, onde supostamente enriquece e armazena a substância.
O enriquecimento é o cerne das preocupações dos países ocidentais e de Israel, que temem que o urânio enriquecido a 20% seja usado para obter urânio a 90% para uso militar, apesar das negativas de Teerã.
O Irã assegura que este urânio é destinado a um reator de pesquisas médicas e insiste em seu direito de enriquecer a substância em seu território, apesar das resoluções do Conselho de Segurança e pedidos do Grupo 5%2b1.