O embaixador americano em Berlim, John Emerson, disse estar convencido de que os Estados Unidos não fazem qualquer atividade ilegal de espionagem na Alemanha, em diferentes entrevistas concedidas nesta quinta-feira (31/10), enquanto o presidente francês, François Hollande, anunciou uma iniciativa para estabelecer um código de conduta. Emerson está no cargo desde agosto.
Ao ser consultado pela televisão pública alemã ZDF sobre as suspeitas de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) na Alemanha, Emerson respondeu: "Que eu saiba, não fizemos nada que viole a lei".
Segundo a imprensa alemã, a NSA teria grampeado o celular da chanceler Angela Merkel.
Na semana passada, Merkel se reuniu com o presidente americano, Barack Obama, para conversar sobre as suspeitas de espionagem de suas comunicações. Segundo ela, se as denúncias forem confirmadas, será um duro golpe na "confiança" bilateral.
Em 24 de outubro, o governo alemão convocou Emerson para dar explicações sobre o assunto. O gesto é raro por parte da Alemanha, já que os Estados Unidos são considerados como um de seus mais próximos aliados.
"Compreendo perfeitamente a reação do governo e do povo alemães, depois da revelação dessas suspeitas", afirmou.
Também nesta quinta, o presidente francês, François Hollande, anunciou que está em andamento um diálogo "no mais alto nível" para estabelecer "um código de boa conduta" entre os aliados em matéria de interceptação de dados e de comunicações - de acordo com os parlamentares recebidos no Eliseu.
O chefe de Estado francês recebeu nesta quinta a Delegação Parlamentar sobre Inteligência, após as revelações das operações de espionagem da NSA.
Hollande "expressou sua firme preocupação e formulou solicitações precisas para o presidente Obama", informou o presidente da delegação, senador Jean-Pierre Sueur, em nota divulgada nesta quinta.
Segundo alguns dos principais jornais europeus, a NSA teria interceptado dados de países aliados dos Estados Unidos e de suas autoridades.
Na quarta-feira, o chefe da NSA, o general americano Keith Alexander, propôs que americanos e europeus se reúnam, visando a melhorar a cooperação em matéria de cibersegurança e antiterrorismo.
"Esta parceria com a Europa é muito importante. Mas isso deve ser feito com todo mundo à mesa, deixando o sensacionalismo de lado", afirmou.