Londres - Os ex-chefes do The News of The World estavam cientes das escutas ilegais praticadas por jornalistas do tabloide do grupo britânico Murdoch, indicou nesta quarta-feira (30/10) o Ministério Público ao expor as acusações contra os oito acusados.
Após dois dias dedicados a questões processuais, o Ministério Público anunciou as primeiras acusações neste julgamento que poderá levar seis meses para ser concluído.
"A questão é bastante simples: foram praticadas escutas ilegais. Quem sabia disso?", disse o promotor Andrew Edis no tribunal de Old Bailey a um júri de doze pessoas - nove mulheres e três homens - encarregado de decidir sobre o caso amplamente divulgado pela mídia e politicamente muito sensível.
"Vocês devem se perguntar se essas pessoas (os chefes do jornal) fizeram um bom trabalho. Se este for o caso, eles deveriam saber de onde chegava seu dinheiro, onde nasciam suas reportagens", acrescentou o procurador.
Prometendo revelações para além da já conhecida prática de grampeamento de conversas telefônicas, o promotor revelou que três jornalistas do News of the World já tinham se declarado culpados de escutas telefônicas ilegais.
Inesperada, esta revelação pode enfraquecer os oito principais acusados, que desde as primeiras revelações do escândalo se declaram inocentes e rejeitam as acusações que causaram o fechamento do jornal de maior tiragem da imprensa britânica na época, em julho de 2011.
Entre eles estão as duas "estrelas" do julgamento: Rebekah Brooks e Andy Coulson, dois ex-editores do News of the World e ligados ao primeiro-ministro conservador David Cameron.
Eles foram acusados , após dois anos de investigações que levaram a dezenas de prisões, de terem grampeado o telefone de mais de 600 pessoas na década de 2000. Personalidades como o ator Jude Law ou o secretário do príncipe William estão entre os espionados para a produção de reportagens.
Brooks, a ruiva fatal, e Coulson, o discreto ex-diretor de comunicações de David Cameron, também foram acusados de subornar funcionários e políticos para obter informações.
No olho do furacão, Rebekah Brooks, "ex-rainha dos tabloides", também é processada por obstrução da justiça. Segundo a acusação, ela teria queimado registros comprometedores no momento do fechamento do jornal.
"Os jornalistas não têm mais direito de violar a lei do que qualquer outra pessoa", ressaltou o procurador, acrescentando que "nada justifica" o fato de os funcionários de um jornal terem recorrido a escutas ou chantagem de figuras públicas.
Ele explicou ao júri que o investigador particular Glenn Mulcaire, que admitiu ter grampeado vários telefones em 2006, chegou a receber até 100.000 libras (116.000 euros) por ano na época pelo News of The World.
De acordo com Edis, esse "arranjo extraordinário" precisou, necessariamente, de um acordo em alto nível. O escândalo das escutas resultou em uma vasta investigação sobre as práticas de alguns jornalistas e funcionários da imprensa britânica, a mais poderosa da Europa, e colocou em evidência sua relação, por vezes problemática, com o mundo da política e da polícia.
Dada a magnitude das revelações, o governo decidiu reformar o sistema regulatório da imprensa para evitar futuros deslizes. Depois de uma série de discussões, os três principais partidos (governo e oposição) chegaram a um acordo sobre um projeto que envolve a criação de uma entidade regulamentada por lei e cujo conselho não será composto por nenhum editor em atividade.
A maioria dos proprietários de meios de comunicação é contra a medida. Por coincidência, eles entraram com uma queixa na justiça nesta quarta para tentar impedir a aprovação do projeto, que eles acreditam ferir a liberdade de imprensa.
Mas a Suprema Corte de Londres derrubou seu argumento, dizendo que a sua própria proposta de reforma, prevendo um sistema de autorregulação reforçado, não foi estudado adequadamente.
Após dois dias dedicados a questões processuais, o Ministério Público anunciou as primeiras acusações neste julgamento que poderá levar seis meses para ser concluído.
"A questão é bastante simples: foram praticadas escutas ilegais. Quem sabia disso?", disse o promotor Andrew Edis no tribunal de Old Bailey a um júri de doze pessoas - nove mulheres e três homens - encarregado de decidir sobre o caso amplamente divulgado pela mídia e politicamente muito sensível.
"Vocês devem se perguntar se essas pessoas (os chefes do jornal) fizeram um bom trabalho. Se este for o caso, eles deveriam saber de onde chegava seu dinheiro, onde nasciam suas reportagens", acrescentou o procurador.
Prometendo revelações para além da já conhecida prática de grampeamento de conversas telefônicas, o promotor revelou que três jornalistas do News of the World já tinham se declarado culpados de escutas telefônicas ilegais.
Inesperada, esta revelação pode enfraquecer os oito principais acusados, que desde as primeiras revelações do escândalo se declaram inocentes e rejeitam as acusações que causaram o fechamento do jornal de maior tiragem da imprensa britânica na época, em julho de 2011.
Entre eles estão as duas "estrelas" do julgamento: Rebekah Brooks e Andy Coulson, dois ex-editores do News of the World e ligados ao primeiro-ministro conservador David Cameron.
Eles foram acusados , após dois anos de investigações que levaram a dezenas de prisões, de terem grampeado o telefone de mais de 600 pessoas na década de 2000. Personalidades como o ator Jude Law ou o secretário do príncipe William estão entre os espionados para a produção de reportagens.
Brooks, a ruiva fatal, e Coulson, o discreto ex-diretor de comunicações de David Cameron, também foram acusados de subornar funcionários e políticos para obter informações.
No olho do furacão, Rebekah Brooks, "ex-rainha dos tabloides", também é processada por obstrução da justiça. Segundo a acusação, ela teria queimado registros comprometedores no momento do fechamento do jornal.
"Os jornalistas não têm mais direito de violar a lei do que qualquer outra pessoa", ressaltou o procurador, acrescentando que "nada justifica" o fato de os funcionários de um jornal terem recorrido a escutas ou chantagem de figuras públicas.
Ele explicou ao júri que o investigador particular Glenn Mulcaire, que admitiu ter grampeado vários telefones em 2006, chegou a receber até 100.000 libras (116.000 euros) por ano na época pelo News of The World.
De acordo com Edis, esse "arranjo extraordinário" precisou, necessariamente, de um acordo em alto nível. O escândalo das escutas resultou em uma vasta investigação sobre as práticas de alguns jornalistas e funcionários da imprensa britânica, a mais poderosa da Europa, e colocou em evidência sua relação, por vezes problemática, com o mundo da política e da polícia.
Dada a magnitude das revelações, o governo decidiu reformar o sistema regulatório da imprensa para evitar futuros deslizes. Depois de uma série de discussões, os três principais partidos (governo e oposição) chegaram a um acordo sobre um projeto que envolve a criação de uma entidade regulamentada por lei e cujo conselho não será composto por nenhum editor em atividade.
A maioria dos proprietários de meios de comunicação é contra a medida. Por coincidência, eles entraram com uma queixa na justiça nesta quarta para tentar impedir a aprovação do projeto, que eles acreditam ferir a liberdade de imprensa.
Mas a Suprema Corte de Londres derrubou seu argumento, dizendo que a sua própria proposta de reforma, prevendo um sistema de autorregulação reforçado, não foi estudado adequadamente.