Cabul - Mais de dois mil policiais afegãos morreram desde o início da temporada de combates, período de intensa atividade dos rebeldes talibãs que vai da primavera ao retorno do inverno, anunciou nesta terça-feira o vice-ministro afegão do Interior. Os talibãs, que realizam uma violenta insurreição no Afeganistão desde sua expulsão do poder, em 2001, por uma coalizão militar liderada pelos americanos, lançaram no dia 27 de abril a operação "Khalid Bin Walid", que marca o início dos combates.
[SAIBAMAIS]Desde esse dia, "os talibãs realizaram 6.604 operações, entre elas 50 atentados suicidas e 1.704 ataques diretos contra a polícia", declarou o general Salim Ehsas, ministro adjunto do Interior, em um encontro com a imprensa em Cabul. As atividades da rebelião causaram a morte de "1.273 agentes da polícia nacional, 779 da polícia local, 858 civis" e deixaram 5.500 feridos entre policiais e civis, acrescentou. Estes números não incluem o número de vítimas no exército, que o ministério da Defesa afegão não publica com regularidade. Segundo o departamento de Defesa americano, cerca de 400 soldados e policiais afegãos morreram por mês no conflito.
O general Ehsas ressaltou que a maioria das operações da rebelião envolvem as províncias próximas à capital afegã, como Logar ou Ghazni. "O período que acaba foi difícil", acrescentou. "Os rebeldes quiseram mostrar que as forças afegãs não eram capazes de garantir a segurança do país, mas o exército, nossa polícia e as outras forças de segurança os neutralizaram". As forças afegãs estão cada vez mais expostas à violência desde que substituíram a Força Internacional da Otan no Afeganistão (Isaf) para garantir a segurança do país.
Em junho, o ministro do Interior, Mujtaba Patang, acusado de incompetência na luta contra a insurreição, foi destituído pelo Parlamento, assim como ocorreu com seu antecessor, Bismillah Mohammadi, meses antes. A persistência da violência no Afeganistão, apesar de 12 anos de presença militar ocidental, levanta os temores de uma nova guerra civil no país após a retirada dos 87.000 soldados da Otan no fim de 2014.