Cohen pediu um aumento dos impostos, por exemplo, na gasolina, para criar um fundo que possa ser utilizado para este tipo de catástrofes naturais, cuja recorrência é cada vez maior. "Vamos ver tempestades mais fortes, um nível do mar mais alto e temos que encontrar maneiras de absorver a água", disse.
O desafio de um enfoque regional
Muitos especialistas destacaram o plano apresentado pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, com recomendações para melhorar a resistência da infraestrutura da cidade, com gastos previstos no valor de 19 bilhões de dólares. Mas alguns pedem um enfoque mais regional que coordene os trabalhos de recuperação nas áreas mais afetadas, e não apenas em zonas abastadas, como Manhattan.
"O trabalho que temos pela frente é enorme", disse nesse sentido Illya Azaroff, um funcionário do Instituto americano de Arquitetos para o Design de Risco e Recuperação. "Nova York está se movendo na direção correta. É o quadro maior o que representa o nosso próximo desafio", sustentou. Os proprietários de casas danificadas ainda não sabem como obter os fundos disponíveis nem como utilizá-los da melhor forma, e para isso é necessário um enfoque regional.
"Estamos mais bem educados acerca de onde precisamos ir, mas há tantas dificuldades sobre como reconstruir melhor se você é proprietário de uma casa", indicou. Em Oakwood Beach, Staten Island (Sul de Nova York), que sofreu danos terríveis e onde três pessoas morreram em uma mesma rua, os vizinhos decidiram vender suas casas ao Estado, que converterá a área em uma zona de amortecimento para proteger melhor o interior da ilha.
Joe Tirone, um porta-voz da comunidade, declarou à AFP que 184 de 185 proprietários aceitaram a proposta do Estado de Nova York de comprar suas casas no valor anterior ao Sandy, com mais 10% de incentivo. "Há muito poucos aluguéis, as pessoas viveram aqui por décadas", indicou, ao se referir a uma das condições do programa, projetado para beneficiar as pessoas do bairro, e não investidores imobiliários. Mas nem todos querem se mudar, e nem todos recebem ofertas tão atrativas.
Em Midland Avenue, não muito longe de Oakwood Beach, o terreno onde se erguia a casa de Aiman Youssef está ocupado há meses por uma grande tenda e é a sede de um centro de ajuda criado por este homem pouco depois do furacão. Youssef, um sírio de 43 anos, não apenas perdeu sua casa, onde vivia junto a sua mãe e seu sobrinho, mas também o negócio de eletrônica que funcionava nela, e há dez meses se aloja em um hotel próximo pago com fundos governamentais. "Antes do Sandy este era um bairro de classe média. Agora é pobre", declarou.