As eleições de domingo renovaram metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Massa, prefeito de Tigre (periferia norte), deu um duro golpe no kirchnerismo neste distrito chave (32,21%), o que o catapulta como um dos principais candidatos à presidência para 2015, com um discurso baseado na luta contra a insegurança, uma das principais preocupações dos argentinos. Além da província de Buenos Aires, o governo perdeu nos distritos mais importantes do país, como a capital, Córdoba, Santa Fé e Mendoza.
A presidente perdeu parte dos 11 milhões de votos que recebeu em sua reeleição em 2011, quando venceu com 54% dos votos. Kirchner, de 60 anos, foi a grande ausente da reta final da campanha, já que está em repouso absoluto desde 8 de outubro, quando foi operada por um hematoma na cabeça. "A presidente está se preparando para voltar com toda a força, para seguir conduzindo este projeto", disse o vice-presidente Amado Boudou.
[SAIBAMAIS]A nível nacional, a Frente Renovador, que Massa formou há apenas três meses, não tem no momento outra representação fora da província de Buenos Aires e aparece como terceira força, atrás do kirchnerismo e da União Cívica Radical ao lado do Socialismo.
O radicalismo social-democrata junto ao socialismo recebeu 4,8 milhões de votos, o que representa 21,35% em todo o país. "Temos que fazer valer os milhões e milhões de votos que nos transformaram na primeira força política dentro da província de Buenos Aires e que nos obrigam a começar a cruzar a fronteira e a percorrer a Argentina", afirmou Massa no discurso da vitória.
O governo comemorou porque a FPV permanece como a primeira força nacional depois de muitos anos, segundo declarações de Boudou, em referência aos 10 anos do kirchnerismo que incluem os governos de Néstor Kirchner (2003/2007) e de Cristina Kirchner, desde 2007, que definitivamente não poderá disputar a segunda reeleição consecutiva, proibida pela Constituição.
Quebra-cabeça incerto
Massa aparece na linha de largada de uma corrida presidencial que já conta com o peronista Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires e aliado de Kirchner. Na mesma situação está o prefeito da capital, Mauricio Macri, cujo partido Pro voltou a vencer em seu distrito com 34,46% dos votos, mas que também não tem forte presença no restante do país.
"Em 2015 será a primeira vez em mais de uma década que as pessoas poderão votar a favor de alguém e não contra alguém", disse Macri nesta segunda-feira (28). Scioli, um peronista que permanece aliado com a presidente, elogiou o "grande trabalho" de Massa, "que foi interpretado e respaldado pela vontade popular".
Outros nomes importantes para 2015 são o socialista Hermes Binner, vencedor em Santa Fé, terceiro distrito eleitoral, com 42,38%, o radical Julio Cobos, ex-vice-presidente de Kirchner que passou à oposição e obteve 47,73% dos votos na província Mendoza (oeste), e o peronista dissidente José Manuel de la Sota , de Córdoba.