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Comissão da ONU estuda abuso dos direitos humanos cometidos na Coreia

Liderada pelo juiz australiano Michael Kirby, esta é a primeira comissão da ONU a investigar oficialmente os abusos

Londres - A comissão da ONU que estuda os abusos dos direitos humanos cometidos na Coreia do Norte ouviu nesta quarta-feira (23/10), em Londres, o relato de vários exilados e os horrores que sofreram para conseguir fugir de seu país.

Liderada pelo juiz australiano Michael Kirby, esta é a primeira comissão da ONU a investigar oficialmente os abusos cometidos na Coreia do Norte.

Jihyuan Park, de cerca de 30 anos, chorou ao explicar que conseguiu cruzar a fronteira com a China em 1998 para acabar sendo vendida como esposa para um homem.

"Disseram que eu havia sido comprada e que podiam fazer o que quisessem comigo", contou a norte-coreana, que conseguiu fugir para a China, onde deu à luz um filho. Seu marido negociou a criança com um traficante, e ela foi mandada de volta para a Coreia do Norte, onde foi levada para um campo de trabalhos forçados.



Ela, no entanto, conseguiu fugir de novo para a China, onde reencontrou o filho, que não foi vendido, e os dois conseguiram fugir para a Grã-Bretanha, onde esperam conseguir cidadania.

Outro exilado, Song Ju Kim, narrou suas quatro tentativas de fuga porque no país não havia comida. A fome matou milhares de norte-coreanos anos anos 90 e o país ainda depende de ajuda humanitária.

Kim explicou que, em sua primeira tentativa de fuga, em 2006, foi preso por militares chineses, que o entregaram a seus colegas norte-coreanos. Kim contou que foi surrado de uma maneira "desumana".

No campo de detenção, Kim era obrigado pelos guardas carcerários a revirar os excrementos dos detidos para descobrir se tinham ingerido alguma coisa que quisessem esconder, como dinheiro.

"Os guardas da prisão diziam que já não éramos humanos, e sim animais. Não nos deixavam andar de pé. Tínhamos que nos arrastar como animais", contou ainda

A alimentação consistia de uma papa feita em parte de terra. Em sua quarta tentativa de fuga, conseguiu ir para a China e de lá para a Grã-Bretanha ajudado por um dos missionários.

Pyongyang não permite que a comissão da ONU entre no país e classifica os exilados que prestam testemunho de "lixo humano".