Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que ainda não há condições para iniciar um diálogo de paz com a oposição - conforme entrevista divulgada por uma emissora de televisão libanesa nesta segunda-feira à noite.
"Não foram definidos prazos, e ainda não estão reunidas as condições, se quisermos que (a conferência de paz Genebra-2 por iniciativa de Estados Unidos e Rússia) seja um sucesso" - declarou Assad ao canal libanês Al Mayadeen.
"Quais são as forças que participarão? Quais relações essas forças têm com o povo sírio? Essas forças representam o povo sírio ou os Estados que as inventaram? Como essas forças podem representar o povo sírio, se elas vivem no exterior? Elas não ousam vir à Síria" - ironizou o presidente.
Assad nunca reconheceu a Coalizão da oposição síria, que reivindica sua saída, e acusa o grupo de trabalhar sob as ordens dos países ocidentais e da região. "A solução (para o conflito sírio) deve ser uma solução síria", decretou. Na mesma entrevista, Assad acusou a Irmandade Muçulmana de ser "uma organização terrorista".
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"Os Irmãos Muçulmanos se tornam cada vez mais terroristas (...), trata-se de um grupo terrorista e oportunista (..) que utiliza a religião para objetivos políticos", afirmou Assad ao canal Al-Mayadeen. Assad também pediu ao enviado da Liga Árabe e da ONU, Lakhdar Brahimi, que "não se desvie de sua missão" e que seja imparcial.
"Nós lhe pedimos que respeite sua missão, que não se desvie do quadro de sua missão. Ele foi encarregado de uma missão de mediação. O mediador deve ser neutro", frisou. "Ele não deveria cumprir tarefas que lhe foram designadas por outros países, mas se concentrar no processo de diálogo entre as partes em conflito no terreno", insistiu.
A última visita do mediador da ONU e da Liga Árabe, em 2012, foi duramente criticada pelas autoridades sírias, que o acusaram de "viés flagrante". Assad também falou sobre a eleição presidencial de 2014 na Síria, garantindo estar pronto para disputá-la.
"Minha resposta depende de dois fatores. O primeiro é o desejo pessoal, e o segundo é a vontade do povo", comentou, explicando que "quanto ao primeiro - o que me diz respeito pessoalmente -, não vejo por que eu não possa me apresentar na próxima eleição".