Berlim não recebeu qualquer pedido oficial de Roma para receber o corpo de Priebke, que morreu na Itália aos 100 anos e que tinha sido condenado pelo massacre de 335 civis, informou o Ministério das Relações Exteriores.
"Como lidar com os restos mortais de um cidadão alemão no exterior é basicamente uma questão para os parentes", disse um porta-voz do ministério.
O funeral de Priebke, que seria realizado na terça-feira (15/10) perto de Roma, foi cancelado em meio a confrontos quando simpatizantes neonazistas tentavam organizar um comício. O prefeito de Roma disse, mais tarde, que as autoridades entrariam em contato com a Alemanha. O caixão do ex-oficial da SS foi levado para um aeroporto militar nos arredores de Roma durante a noite.
[SAIBAMAIS]O porta-voz do ministério das Relações Exteriores reiterou que ele não tinha conhecimento de qualquer motivo "que impedisse que um cidadão alemão que morreu no exterior fosse enterrado na Alemanha."
No local de nascimento de Priebke, em Hennigsdorf, no subúrbio de Berlim, as autoridades locais deixaram claro que não aceitarão os seus restos mortais.
"Recusaremos um enterro para Priebke. Não queremos um criminoso de guerra aqui", disse uma porta-voz da Câmara da cidade nesta segunda-feira, na rádio pública Rbb, acrescentando, no entanto, que não houve qualquer pedido oficial neste sentido e que há uma regra local contra os enterros de não-residentes. A comunidade judaica da região também manifestou a sua oposição.
A polícia italiana cancelou o funeral organizado por uma facção católica ultraconservadora, depois de confrontos entre os simpatizantes neonazistas e os manifestantes, que gritavam: "Assassino"
Priebke, que foi condenado pelo massacre da Fossas Ardeatinas, em Roma, em 1944, provocou indignação até na sua morte, fazendo com que o Vaticano emitisse uma ordem sem precedentes proibindo qualquer igreja católica em Roma de realizar o funeral.
O nazista vivia em prisão domiciliar na capital italiana, depois de ser extraditado em 1998 da Argentina, para onde tinha fugido com um documento de viagem do Vaticano, logo após a Segunda Guerra Mundial.
Priebke queria ser enterrado na Argentina, onde viveu mis de 40 anos, ao lado de sua esposa, mas o governo logo informou que não aceitará receber o corpo.