Bruxelas - Organizações europeias da sociedade civil apresentaram nesta quarta-feira (16/10) no Parlamento Europeu uma nova campanha para romper o silêncio que cerca, tanto na Europa quanto na América Latina, os casos de feminicídios e todo tipo de violência contra as mulheres. "No dia em que não ocorrerem estas denúncias teremos perdido, porque a realidade segue existindo e é insultante para o respeito da dignidade da mulher", declarou o eurodeputado espanhol Raúl Romeva, do grupo dos Verdes e membro da Comissão Parlamentar dos Direitos da Mulher, que participou no vídeo desta campanha "Visibilizando o Feminicídio na Europa e na América Latina".
"Para acabar com a impunidade é preciso acabar com o silêncio", disse Romeva, denunciando que no México "98% dos crimes contra as mulheres ficam sem solução, sem responsável, sem sentença, sem justiça" e são cometidos "no âmbito familiar ou do casal". O eurodeputado afirmou que é "frustrante que as mudanças estruturais sejam tão lentas", já que passam "pela mudança da mentalidade patriarcal que domina" as sociedades.
Opinião compartilhada pela eurodeputada Ska Keller, do grupo dos Verdes e membro da delegação parlamentar mista UE-México, ao explicar que, "apesar das reformas legislativas, não há progressos em sua aplicação". Keller denunciou que a "impunidade é um tema espalhado por todo o México" e classificou os crimes contra as mulheres de "homicídios invisíveis", já que não existem estatísticas que revelem sua extensão, tanto no México quanto na América Central.
Já o eurodeputado socialista Marc Tarabella lamentou que a Convenção de Istambul de maio de 2011 elaborada pelo Conselho da Europa - que conta com 47 países-membros - cujo objetivo é lutar e prevenir a violência doméstica, só tenha sido ratificada por cinco dos 27 países que a assinaram. Eles são Albânia, Itália, Montenegro, Portugal e Turquia.
O feminicídio afeta particularmente a América Latina. "Na Guatemala, 658 foram assassinadas em 2012. Na Colômbia, em 2011, 52 mulheres por dia foram vítimas de violência sexual (...) um crime em aumento e que permanece na impunidade", afirma a nota de imprensa do lançamento desta campanha, que também lembra que na Itália "em 2012, 137 mulheres foram assassinadas, mais da metade pelas mãos de seus parceiros".