O Irã se mostrou otimista em relação a uma reunião que será realizada com o grupo 5%2b1 nesta terça-feira (14/10), em Genebra, sobre seu polêmico programa nuclear, mas indicou que é necessária uma reunião ministerial com as grandes potências para alcançar um acordo.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, afirmou que esta reunião ministerial é necessária para a conclusão do desejado acordo.
"Espero que possamos chegar a um caminho para uma solução até quarta-feira, mas provavelmente será necessário ter uma nova reunião ministerial", escreveu Zarif em sua página do Facebook.
[SAIBAMAIS]As negociações de Genebra contarão com a presença do vice-ministro das Relações do Irã e de outras autoridades políticas. Uma reunião ministerial aconteceu em setembro, em paralelo à Assembleia Geral da ONU.
O Irã e o os países do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) se reunirão nesta terça-feira e quarta-feira em Genebra para retomar as negociações nucleares, paralisadas desde abril.
Zarif participará da sessão de abertura das negociações e depois o vice-chanceler, Abas Araghchi, comandará a delegação iraniana. "Se for necessário, também participarei", informou Zarif.
"Queremos mudar o enfoque dos seis últimos anos, que não deu nenhum algum", completou Zarif.
"O plano que Zarif apresentará aos países do 5%2b1 durante a sessão de abertura foi preparado de tal maneira que não haja motivos para que seja rejeitado", afirmou Araghchi, sem dar mais detalhes. "Podemos concluir as negociações em um período de seis meses a um ano", disse ainda.
Segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), publicado no final de agosto, o Irã possui 6.774 kg de urânio enriquecido a 3,5%, 186 kg de urânio enriquecido a 20%, e transformou outros 187 kg de urânio enriquecido a 20% em barras de combustível. Além disso, possui mais de 19.000 centrífugas, das quais mil são de nova geração, mais potentes do que as anteriores.
O Ocidente e Israel suspeitam que o Irã esconda um objetivo militar por trás de seu programa nuclear civil e que Teerã enriqueça urânio a um nível suficiente para fabricar uma bomba atômica.
"Suavizar com o Irã seria erro histórico"
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu nesta segunda-feira que a comunidade internacional mantenha o regime de sanções contra o Irã para fazer com que esse país suspenda seu programa nuclear.
"Seria um erro histórico suavizar as sanções contra o Irã, justo no momento em que estão alcançando seus objetivos", declarou Netanyahu durante a abertura da sessão de inverno do Parlamento, na véspera das discussões sobre o programa nuclear iraniano em Genebra. "Israel não permitirá que o Irã obtenha a arma nuclear", reiterou.
O regime iraniano "está disposto a dar muito pouco em troca de muito", opinou.
Já o secretário americano de Estado, John Kerry, afirmou no domingo que uma janela da diplomacia "está se abrindo" em relação ao Irã, após um encontro em Londres com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
"Neste momento, a janela para a diplomacia está se abrindo", disse Kerry sobre o Irã durante um discurso pronunciado na capital britânica. "Mas quero que todos saibam que nossos olhos também estão abertos".
Um grupo de influentes senadores dos Estados Unidos afirmou estar disposto a suspender a avaliação de uma nova série de sanções contra o Irã, caso Teerã aceite interromper o enriquecimento de urânio.
Dez senadores, entre eles o presidente democrata da comissão de Assuntos Exteriores, Robert Menendez, e o republicano John McCain, escreveram ao presidente Barack Obama para informar sobre sua posição, em uma carta divulgada nesta segunda-feira.
Se Teerã aceitar cooperar plenamente com a Agência Internacional de Energia Atômica, cumprir com suas responsabilidades dentro do Tratado de Não-Proliferação, acatar todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e interromper imediatamente qualquer atividade para enriquecer urânio, os senadores disseram estar dispostos a aguardar um pouco antes de adotar uma nova série de sanções.
A Câmara de Representantes adotou em julho um texto reforçando as sanções americanos contra o Irã e o Senado deve votá-las. As novas sanções previstas apontam em particular para o setor automobilístico e para as reservas de divisas do governo iraniano.