Dos novos beatos, 515 são espanhóis e sete estrangeiros: três franceses, um cubano, um colombiano, um filipino e um português. Após a mensagem do Papa, bispos espanhóis leram a lista dos nomes dos beatificados, cujos rostos ilustravam um imenso cartaz aberto durante a cerimônia.
Entre os fiéis, a Conferência Episcopal esperava a presença de 104 bispos, 2.720 religiosos e 4.000 familiares e amigos dos beatificados. O governo conservador espanhol estava representado pelo ministro da Justiça, Alberto Ruiz Gallardón.
A Conferência Episcopal teria tentado aparentemente evitar uma polêmica política na Espanha ao não se referir diretamente ao sensível período da guerra civil no anúncio da cerimônia e preferir o termo mais geral de "mártires do século XX".
Mas o Papa argentino foi mais explícito em sua mensagem gravada no Vaticano pouco antes da missa do Ângelus, ao declarar que neste domingo em Tarragona são beatificados 500 mártires mortos por "sua fé durante a guerra civil espanhola" dos anos 30 do século passado.
As associações de vítimas da ditadura de Francisco Franco (1939-1975) consideraram esta cerimônia "um ato político de afirmação franquista".
"Sob o pretexto de um ato religioso, a hierarquia está fazendo um ato político de afirmação franquista", escreveu a Plataforma para uma Comissão da Verdade sobre os crimes do franquismo, que afirma reunir mais de uma centena de associações, em uma carta dirigida ao Papa e publicada na sexta-feira.
"Você deve saber que a Igreja Católica apoiou o levante militar de Franco contra a República Espanhola em 1936, considerou a guerra civil como ;uma cruzada; apoiando os generais revoltados, legitimou sua ditadura fascista e a feroz repressão que esta exerceu sobre os espanhóis", acrescentou a organização na carta, na qual pedia para o Papa cancelar a cerimônia.
Entre os setores mais progressistas da Igreja, minoritários na Espanha, também se elevavam algumas vozes contra esta beatificação, ao afirmar que a cerimônia iria abrir as feridas do franquismo.