O regime comunista decidiu oferecer a ele um funeral de Estado, ignorando as críticas do general contra o Partido Comunista (PC) ao final de sua vida e os 30 anos em que foi deixado de lado, e destacando sua condição de herói da independência vietnamita.
Giap "é o general do povo e seu nome ficará gravado para sempre na História da nação", declarou à televisão o secretário-geral do PCV, Nguyen Phu Trong. A morte no dia 4 de outubro aos 102 anos do general que derrotou os franceses e americanos é uma grande perda para o povo e para o país, acrescentou.
Centenas de pessoas se concentraram nas ruas de Hanói para dar seu último adeus a Giap. "O general viverá para sempre", gritou um homem durante a passagem do cortejo de veículos militares cobertos com coroas de flores rumo ao aeroporto.
O general, um gênio militar autodidata, infligiu em 1954 uma dura derrota às tropas coloniais francesas em Dien Bien Phu, fato que propiciou a fundação de um Vietnã independente e o fim da dominação francesa na Indochina. Ele também é considerado um dos maiores artífices da vitória contra os americanos em 1975, que levou à unificação do Vietnã.
"Foi embora levando com ele uma parte de nossas gloriosas vitórias", comentou Tran Hung Tuy, um ex-funcionário de 74 anos. "É o maior funeral no Vietnã, atrás apenas (da cerimônia) do presidente Ho Chi Minh, em 1969. As pessoas admiram e gostam de Giap de coração", declarou à AFP após uma oração na passagem do caixão.
Grandes concentrações como as ocorridas pelo funeral de Giap são pouco frequentes no Vietnã, onde o PCV controla com mão de ferro a realização de aniversários oficiais e as manifestações populares normalmente são dispersadas com violência.
Embora o regime tenha deixado o general de lado nos últimos 30 anos, Giap continuava sendo muito popular, inclusive entre os mais jovens, que não viveram a guerra.