Beirute - O Conselho Nacional Sírio (CNS), o principal grupo opositor da Síria, não participará da conferência de paz Genebra 2 e ameaça se retirar da Coalizão contrária ao regime se ela participar do encontro, afirmou seu presidente neste domingo (13/10). "O CNS, que é o principal bloco político da Coalizão, tomou a firme decisão (...) de não ir a Genebra, levando em conta as circunstâncias atuais (na Síria)", afirmou à AFP o chefe do Conselho, Georges Sabra, em uma conversa por telefone. "Isto quer dizer que não permanecerá na Coalizão se ela for (a Genebra)", acrescentou Sabra, invocando o sofrimento da população síria.
A Coalizão colocou como condição para sua participação na conferência a saída do poder do presidente sírio, Bashar al-Assad. "Os moradores de Moadamiyat al Sham (localidade rebelde bombardeada pelo exército perto de Damasco) estão morrendo de fome, a Ghuta (região da província da capital) está cercada e o regime proíbe inclusive que levem pão para a região. Por acaso são estas as condições que permitem chegar (...) a uma transição democrática na Síria?", se perguntou Sabra.
Rússia e Estados Unidos esperam convocar para meados de novembro uma conferência de paz sobre a Síria, conhecida pelo nome de Genebra 2. O objetivo é colocar na mesma mesa o regime e a oposição para tentar encontrar uma solução para o conflito sírio.
Segundo a ONU, no fim de setembro o chefe da Coalizão síria, Ahmad Jarba, disse ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, que estava disposto a enviar uma delegação a esta conferência. O CNS, que inclui a influente Irmandade Muçulmana síria, é o principal grupo opositor ao regime de Assad. Em novembro de 2012, depois de cansativas negociações, se uniu a outros grupos para formar a Coalizão nacional de oposição.
No CNS estão os "falcões" da oposição, que excluem qualquer forma de diálogo antes da partida de Assad. Sabra confirmou à AFP que a renúncia do presidente continua sendo uma condição para dialogar, e detalhou que o CNS decidiu boicotar a reunião de Genebra 2 após dois dias de reuniões em Istambul.
No entanto, na segunda-feira (14/10) o secretário americano de Estado, John Kerry, e o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, se reunirão para preparar esta conferência internacional de paz.
Sabra também acusa a comunidade internacional de ter deixado o regime sírio impune após o ataque químico cometido no dia 21 de agosto perto de Damasco, no qual centenas de pessoas morreram e que a oposição e os países ocidentais atribuíram ao governo.