As tribos de caçadores-coletores e agricultores sedentários conviveram por mais de 2.000 anos durante a Idade da Pedra na Europa Central, muito mais tempo do que se pensava, revelou um estudo publicado na quinta-feira (10/10). Depois desta convivência, os caçadores desapareceram ou viraram sedentários, explicaram os antropólogos europeus e australianos encarregados do estudo, publicado na revista americana Science.
Os cientistas analisaram o DNA e os isótopos de ossos encontrados em uma caverna perto de Hagen, na Alemanha, e os dataram usando carbono 14.
Acredita-se com frequência que "as tribos de caçadores-coletores na Europa tinham desaparecido pouco depois da chegada dos agricultores", disse Ruth Bollongino, do Instituto de Antropologia da Universidade de Mainz na Alemanha, autora principal do trabalho.
No entanto, o estudo demonstra que os descendentes "dos primeiros europeus tiveram de fato mantiveram seu modo de vida de caçadores-coletores ao menos 2.000 anos na Europa Central", explicou. Esta coexistência persistiu até uns 5.000 anos, muito após do que se pensava, acrescentou.
"Até 7.500 anos atrás, todos os habitantes da Europa Central eram caçadores-coletores", disse Mark Thomas, professor de genética da Universidade College de Londres. "Eles descendem da primeira onda de humanos que chegou à Europa há 45 mil anos", explicou.
Este estudo "demonstra que estes caçadores-coletores também sobreviveram à primeira onda de agricultores vindos do sul do continente europeu, há 7.500 anos, e que em seguida se expandiram através de toda a Europa".
A partir desse período se encontraram muito poucos rastros de caçadores-coletores nos arquivos arqueológicos, o que leva a crer que estes grupos decaíram rapidamente ou foram absorvidos por populações de agricultores, afirmaram os autores.