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Estudo diz que até um terço das meninas sofre violência na América Latina

Segundo um diretor de uma ONG p especializada na infância, esta violência sofrida por muitas meninas na América Latina ocorre pela existência de sociedades nas quais ainda persistem velhos dogmas que priorizam o homem em detrimento da mulher

Panamá - Na América Latina, até um terço das adolescentes entre 15 e 19 anos sofre algum tipo de violência devido, em grande parte, ao machismo e a valores tradicionais que precisam ser rompidos, afirmou um diretor da ONG especializada na infância PLAN. "Dependendo do país, entre 19% e 37% das mulheres entre 15 e 19 anos foram alvo de violência física e sexual na América Latina", afirmou Roland Angerer, diretor-regional para a América Latina da PLAN, cuja sede regional se localiza no Panamá.

[SAIBAMAIS]Segundo Angerer, esta violência sofrida por muitas meninas na América Latina ocorre pela existência de sociedades nas quais ainda persistem velhos dogmas que priorizam o homem em detrimento da mulher. "Não posso dizer se a religião é culpada nisso, mas há culturas o valores culturais que consideram que é normal que a menina esteja em desvantagem ou que não tenha os mesmos direitos", afirmou Angerer. "Este pensamento tradicional precisa ser rompido", acrescentou Angerer em uma entrevista realizada na última terça-feira e divulgada apenas nesta sexta-feira, Dia Internacional da Menina.



Segundo este especialista, muitas meninas na região sofrem violência porque sua situação de pobreza as leva a se prostituir para conseguir dinheiro fácil ou terminam sofrendo abusos e grávidas por adultos, em uma região onde em suas ruas já existe uma forte violência, especialmente na América Central. Além disso, quando não há recursos as famílias terminam enviando os meninos à escola, em detrimento das meninas, que recebem tarefas domésticas.

Segundo a PLAN, há regiões há zonas rurais, como as de Guatemala ou Bolívia, onde até 35% das meninas não vão à escola. "As meninas mais educadas são menos propensas" a sofrer algum tupo de violência física ou sexual porque sabem seus direitos, conhecem seu corpo e podem ser independentes ao ter mais chances de acesso a um trabalho digno. No entanto, na América Latina há um aumento nas taxas de abusos sexuais e de gravidez precoce que estão afastando as meninas das aulas, segundo Angerer. "Já temos países onde 20% ou 22% das meninas com menos de 18 anos estão grávidas ou já têm filhos e as idades são cada vez menores, inclusive com 12 ou 13 anos", acrescentou.

Segundo a PLAN, 38% das mulheres com menos de 20 anos na América Latina estão grávidas ou já têm algum filho. E nas zonas rurais de Nicarágua e El Salvador esta taxa dispara a 62%, segundo a PLAN. Segundo a PLAN, no Haiti a taxa média de gravidez triplicou desde o devastador terremoto de 2010. "A gravidez precoce é um tema que nos preocupa", mas na América Latina "a educação sexual nas escolas não ocorre ou acontece de em más condições", completou Angerer.