O governo canadense trocou informações "confidenciais" com empresas do setor energético durante reuniões "secretas" organizadas a partir de 2005 e das quais também participaram organismos de inteligência, informou nesta quarta-feira o jornal britânico The Guardian.
Essas revelações são feitas em um momento de relações tensas entre Brasília e Ottawa depois que a Rede Globo revelou no domingo casos de espionagem do Canadá nas comunicações do Ministério das Minas e Energia, um setor no qual empresas canadenses têm grandes interesses no Brasil.
As reuniões entre o governo, as agências de inteligência e as empresas convidadas (duas por ano) têm o objetivo de abordar as "ameaças" à infraestrutura energéticas, os "desafios aos projetos energéticos apresentados pelos grupos ambientalistas", "a cibersegurança" e "a espionagem econômica", indica The Guardian, que cita documentos obtidos graças à lei de acesso à informação.
Segundo um alto funcionário do Ministério dos Recursos Naturais, citado pelo documento, esses encontros permitem desenvolver "a confiança mútua" entre as partes, o que ajuda a trocar informações "confidenciais".
A última reunião, em maio de 2013, foi dedicada à "segurança do desenvolvimento energético" e as refeições foram pagas pela operadora de oleodutos Enbridge, que tem um projetos de investimento que sofre forte oposição no Quebec.
Legislador por Calgary, capital da indústria petroleira canadense, o primeiro-ministro conservador Stephen Harper, no poder desde 2006, é um fervoroso defensor da exploração dos recursos naturais de seu país. Seu governo, que não ratificou o Protocolo de Kioto (que regula as emissões de gases do efeito estufa), pede com insistência que Washington autorize a construção de um oleoduto entre Canadá e Estados Unidos.