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Cientistas questionam autenticidade de relíquias de Luís XVI e Henrique IV

Novo estudo, publicado na revista European Journal of Human Genetics, se baseia na análise de DNA de três representantes vivos da casa dos Bourbon descendentes de Luís XIII, filho de Henrique IV

Paris - Um novo exame de DNA divulgado nesta quarta-feira pôs em dúvida a autenticidade de duas relíquias anteriormente atribuídas a dois reis da França: restos de sangue do decapitado Luís XVI e uma cabeça de Henrique IV que teria permitido a reconstituição de seu rosto.

O novo estudo, publicado na revista European Journal of Human Genetics, se baseia na análise de DNA de três representantes vivos da casa dos Bourbon descendentes de Luís XIII, filho de Henrique IV.

Uma equipe chefiada pelo belga especialista em genética Jean-Jacques Cassiman (da Universidade de Louvain) e o historiador francês Philippe Delorme estabeleceu que os três ;bourbons; "têm o mesmo cromossomo Y (transmitido pela linhagem masculina)".

Mas esse cromossomo Y, chamado por Philippe Delorme de "cromossomo autêntico dos bourbons" não pôde ser encontrado nos perfis genéticos de duas relíquias atribuídas a Luís XVI e Henrique IV.

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"Não é o sangue de Luís XVI", disse à AFP Cassiman, acrescentando que o DNA procedente da cabeça também não pertence a Henrique IV. Em uma segunda comparação, procedente do DNA mitocondrial (transmitido por linhagem feminina), Cassiman demostrou que não era possível que o DNA da cabeça mumificada provenha de Henrique IV.

Encontrada em 2008 após vários anos de buscas, a cabeça de Henrique IV teve sua autenticidade reconhecida em 2010 por uma equipe de 20 especialistas chefiados pelo legista e antropólogo Philippe Charlier sobre a base de conclusões científicas e históricas, que Delorme impugna em sua totalidade.

No final de 2012, Charlier tinha publicado juntamente com um especialista espanhol em paleo-genética um perfil genético comum entre a cabeça mumificada e o sangue real seco, coletado em um lenço após a execução de Luís XVI na guilhotina, em 21 de janeiro de 1793.

Para a equipe franco-espanhola, a concordância genética entre as duas relíquias confirma que pertenciam aos dois reis da França, distantes sete gerações.