Haia - A organização encarregada de supervisionar a destruição do arsenal químico da Síria pediu nesta quarta-feira (9/10) cessar-fogos temporários nesse país devastado por um conflito sangrento, para que seus inspetores possam realizar sua missão dentro do prazo previsto.
No terreno, dezenas de membros das forças leais ao governo, além de rebeldes, foram mortos nesta quarta em violentos combates ao sul de Damasco, onde o Exército sírio realizou uma ofensiva, segundo uma ONG.
[SAIBAMAIS]"Violentos combates eram travados entre os combatentes das brigadas rebeldes e das forças regulares apoiadas pelos integrantes do Exército de Defesa (milícia pró-regime) e do Hezbollah libanês, nas localidades de Husseiniyeh, Thiyabiyeh e Bouaydah, enquanto o Exército efetuava ataques aéreos", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A violência nessa região deixou "pelo menos 22 mortos, em sua maioria combatentes de brigadas rebeldes, incluindo um comandante", indicou a ONG que apresentou informações a respeito de "dezenas de mortos e feridos em meio às forças regulares e do Hezbollah".
Antes, o OSDH havia anunciado uma vitória dos rebeldes, que ocuparam uma posição importante na fronteira com a Jordânia, depois de um mês de combates. Em Haia, o diretor geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas, Ahmet Uzumcu, falou de um calendário "extremamente apertado" estabelecido para este processo de desmantelamento, que é realizado pela primeira vez em um país em conflito.
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"Acredito que a eliminação das armas químicas interessa a todas as partes e acho que, se os cessar-fogos temporários puderem ser estabelecidos, esses objetivos poderão ser alcançados", declarou Uzumcu.
A OPAQ foi encarregada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de desmantelar o arsenal químico do poder sírio e as instalações ligadas a essas armas. Para Uzumcu, a data limite de 1; de novembro para a destruição do arsenal químico e de todas as instalações de produção de armas químicas não é irrealista.
A resolução 2118 foi adotada com base em um acordo concluído entre Rússia e Estados Unidos, após um ataque químico no dia 21 de agosto contra o subúrbio de Damasco. A responsabilidade por esse ataque foi atribuída pelas potências ocidentais ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, que culpou a rebelião.
Depois do início da missão da OPAQ na Síria, no dia 1; de outubro, Damasco recebeu elogios internacionais pela cooperação. "A cooperação com a Síria foi muito construtiva. As autoridades sírias são cooperativas", confirmou o diretor geral da OPAQ.
Os inspetores da primeira equipe, composta por 19 especialistas da OPAQ e por 16 especialistas em logística e segurança da ONU, já começou a destruir instalações de produção de armas químicas. Imagens de seu trabalho foram divulgadas pela rede de televisão oficial síria.
A equipe visitava um outro local nesta quarta. "Há 20 locais que devem ser visitados nas próximas semanas", indicou Uzumcu, que lembrou que uma segunda equipe, composta de 12 especialistas, estava a caminho de Damasco.