Mingora - Malala Yousafzai, a ativista adolescente forte candidata ao Nobel da Paz, declarou nesta quarta-feira que ainda não fez o suficiente para merecer o prêmio, no dia do primeiro aniversário do ataque realizado pelo grupo talibã que quase custou a vida dela. A menina de 16 anos foi baleada na cabeça pelos talibãs paquistaneses no dia 9 de outubro do ano passado por ir contra suas diretrizes. Ela se tornou uma embaixadora global pelo direito de todas as crianças frequentarem a escola.
[SAIBAMAIS]"Todos os setores da nossa escola foram fechados hoje para expressar solidariedade a Malala no aniversário do ataque contra ela. A escola vai reabrir normalmente amanhã", declarou um professor da Escola Pública Khushhal à AFP sem se identificar. Malala ganhou destaque com um blog para o serviço Urdu da BBC ao narrar as dificuldades da vida sob o domínio do grupo talibã, que controlava o Vale do Swat desde 2007 até sua expulsão pelo exército, em 2009.
Nova ameaças
Embora seu domínio brutal tenha acabado, grupos da militância permanecem, e as escolas são alvos comuns dos insurgentes. O medo desses homens violentos significa que não haverá nenhum evento público para marcar o aniversário do ataque contra a jovem. "Nós não organizamos nenhum evento no Swat no aniversário do ataque a Malala porque as pessoas temem que também possam ser atacadas como ela", declarou o oficial da educação do distrito, Dilshad Bibi, à AFP.
"Muitas meninas temem que possam ser atacadas se forem ligadas a Malala", explicou. Esta semana, os talibãs paquistaneses voltaram a ameaçar Malala e prometeram que vão atacá-la novamente se tiverem uma chance. Shahidullah Shahid, porta-voz do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), a facção paquistanesa dos talibãs, afirmou que o grupo tentará matá-la de novo.
"Nós a atacaremos de novo assim que tivermos uma chance", afirmou Shahid à AFP. "Nós atacamos Malala porque ela falava contra os talibãs e o Islã e não porque ela ia à escola", explicou ainda. Embora Malala tenha recebido muito apoio e elogios ao redor do mundo, no Paquistão a resposta para a sua ascensão ao estrelato foi mais cética, com alguns acusando-a de agir como um fantoche do Ocidente.
No entanto, com sua mensagem de esperança e determinação, ela conseguiu inspirar alguns dos jovens na sua terra natal. "O incidente do ataque contra ela um ano atrás é inesquecível. A educação é nossa vida e Malala levantou sua voz para isso, então gostamos muito dela", declarou Humera Khan, de 12 anos. "Também pretendo lutar pela educação quando eu crescer", completou.