A Líbia exigiu nesta terça-feira (8/10) que os Estados Unidos devolvam "imediatamente" Abu Anas al-Libi, um suposto chefe da Al-Qaeda capturado por uma força de elite americana durante uma ação em pleno território líbio.
Essa exigência foi feita no dia seguinte à convocação da embaixadora dos Estados Unidos Deborah Jones pelo governo líbio, sob pressão e constrangido por este caso que provocou a ira de grupos de antigos rebeldes e de partidos políticos.
Em um comunicado lido por seu porta-voz, Omar Hmidan, o Congresso Geral Nacional líbio (CGN), a mais alta autoridade política da Líbia, ressaltou "a necessidade da devolução imediata do cidadão líbio", considerando o ataque americano "uma violação flagrante da soberania nacional".
Essa foi a primeira reação oficial líbia condenando claramente a operação americana. O governo líbio vinha mantendo até agora uma postura mais comedida.
No sábado, forças especiais americanas capturaram Abu Anas al-Libi durante uma ação audaciosa em sua casa em Trípoli. Esse líbio está na lista das pessoas mais procuradas pela polícia federal americana (FBI), que oferecia "até 5 milhões de dólares" por qualquer informação que levasse a sua prisão ou a sua condenação.
O nome verdadeiro de Al-Libi é Nazih Abdul Hamed al-Raghie. Ele seria o chefe da rede Al-Qaeda e era procurado pelos Estados Unidos, que o acusam de envolvimento nos atentados de 1998 contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia (mais de 200 mortos).
O ministro da Justiça Salah al-Marghani, que convocou a embaixadora americana em Trípoli para "pedir respostas para várias questões relativas ao caso", afirmou ter tido um "diálogo franco" com ela.
Durante uma entrevista coletiva à imprensa em Trípoli, ele disse ter explicado a Jones que a captura do líbio é "um sequestro, algo contrário às leis líbias".
Marghani frisou que seu governo "usará dos meios diplomáticos e jurídicos para garantir os direitos do cidadão líbio Nazih al-Raghie".