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Malala lança autobiografia em que conta violência sofrida no Paquistão

A obra foi coescrita pela jornalista britânica Christina Lamb e detalha o terror que a menina, agora com 16 anos, sentiu, quando dois homens subiram em um ônibus e um deles disparou contra ela



Na obra descreve como recebeu ameaças de morte antes dos atentados. "Durante a noite esperava que todos fossem dormir", escreve. "Então conferia cada porta e janela". "Não sei por que, mas ouvir que era um alvo não me preocupava. A mim parecia que todos sabem que vão morrer um dia". "Então eu deveria fazer o que quisesse", ressaltou. Malala narra os castigos públicos dos talibãs, sua proibição da televisão, da dança e da música, e a decisão de sua família de fugir do vale com quase um milhão de pessoas em 2009, em pleno combate entre os islamitas e o exército paquistanês. Depois, lembra a batalha travada pelos cirurgiões para salvar sua vida e o medo que sentiu ao acordar em um hospital a milhares de quilômetros de sua casa. A menina elogia seu pai, Ziauddin Yousafzai, por colocar em funcionamento sua própria escola e por arriscar sua vida criticando os talibãs, e rejeita categoricamente as críticas de que seria "como um pai tenista tentando criar uma campeã de tênis", ou que a estaria usando como uma porta-voz, "como se eu não tivesse a minha própria mente", declarou.

Malala explica que seu pai considerou se somar à jihad contra os soviéticos que invadiram o Afeganistão em 1979 e é consciente de que ela, assim como seu pai, são muito criticados em seu país por serem considerados instrumentos do Ocidente. Malala narra sua surpresa ao ver homens e mulheres juntos em cafés e lojas de Birmingham. Ela tem dificuldade para fazer amigos e fala com frequência com suas amigas do Swat usando Skype. Cita como inspiração Benazir Bhutto, a ex-primeira-ministra paquistanesa assassinada, e afirma que sua determinação em voltar algum dia ao seu país e entrar para a vida política. "Eu me salvei por uma razão: para usar minha vida ajudando as pessoas".