O fechamento parcial do governo americano (shut-down, em inglês) ; o primeiro em 17 anos ; foi o ponto alto de uma polarização ideológica na política norte-americana acentuada com a era Barack Obama. De um lado, o Partido Republicano vê um grupo de extremistas ligados ao Tea Party radicalizar o discurso, arrastando a sigla para uma perigosa campanha. Do outro, o presidente e seus colegas democratas não abrem mão de impulsionar políticas sociais que beneficiam os mais necessitados, mas que irritam aqueles contrários à interferência do governo em suas vidas. Corroborados por pesquisas de opinião pública, analistas ouvidos pelo Correio avaliam que os republicanos são os que têm mais a perder politicamente.
A queda de braço em torno do orçamento, na opinião dos especialistas, pode render votos nas eleições legislativas de 2014 aos congressistas que farão de tudo para agradar à base eleitoral mais conservadora. A longo prazo, no entanto, poderá custar ao partido uma nova derrota nas presidenciais, assim como aconteceu na sequência à paralisação de 1996, quando Bill Clinton conquistou a reeleição. O último fechamento parcial do governo federal americano aconteceu entre 16 de dezembro de 1995 e 6 de janeiro de 1996. Também naquela época, muitos funcionários ;não essenciais; foram dispensados, mas em pleno período de Natal.
Com teor semelhante, a discussão há 17 anos era mais ampla. A oposição propunha a redução do deficit público, com a diminuição de benefícios sociais, cortes que o presidente Clinton se recusava a fazer. Agora, os observadores chamam a atenção para o fato de a briga estar basicamente centrada na reforma da saúde defendida pelo presidente ; aprovada pelo Congresso, sancionada e avalizada pela Suprema Corte do país. Curiosamente, o ponto mais polêmico da lei, o mandato individual para se comprar um seguro-saúde, é uma ideia originalmente republicana. A Casa Branca recusa-se a negociar com a oposição, que detém maioria na Câmara dos Deputados, até que ela aprove uma lei temporária para reativar o governo. Esta, por sua vez, exige que o presidente aceite a revogação ou o adiamento da reforma da saúde, algo que Obama descarta fazer.
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