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Itália chora mortes de cerca de 300 imigrantes africanos em naufrágio

O navio afundou perto da ilha dos Coelhos, a 550 metros da ilha de Lampedusa, onde o mar tem uma profundidade de 30 a 45 metros

Roma - A Itália estava de luto nesta sexta-feira (4/10) após a morte de cerca de 300 imigrantes africanos no naufrágio de uma embarcação perto da ilha de Lampedusa, o que reascendeu o debate sobre as políticas europeias de imigração. O papa Francisco afirmou, durante uma missa celebrada nesta sexta-feira (4) em Assis (centro da Itália), a cidade de São Francisco, que "hoje é um dia de lágrimas porque o mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão ou da fome em busca de liberdade".



Segundo Bartolo, não há caixões suficientes em Lampedusa, e várias dezenas serão trazidos nesta sexta. "Passamos a noite a bordo de nosso barco. Ouvimos gritos e nos precipitamos para o ver o que estava acontecendo, e aí nos deparamos com uma situação desesperadora", contou à AFP um comerciante de Lampedusa, Alessandro Marino, um dos primeiros a chegar no local do naufrágio.

"Vimos um mar de cabeças, não conseguíamos puxá-los porque estavam cobertos de óleo", contou à televisão Rafaele Colapinto, um dos pescadores que ajudou na operação de resgate. Roma decretou luto nacional, com as bandeiras hasteadas a meio mastro. A maioria dos imigrantes procede de Eritreia e Somália.

O vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, presente em Lampedusa, confirmou à AFP que o piloto do barco foi detido. "É um tunisiano de 35 anos que havia sido expulso da Itália em abril", indicou. Alfano convocou a União Europeia a ajudar a Itália, afirmando que se trata de um drama europeu, e não apenas italiano. "Precisamos atuar, na Europa e na África", declarou nesta sexta ante a câmara dos deputados.

"Na Europa é necessário mudar as regras que fazem pesar demais sobre o país de ingresso a carga de imigrantes clandestinos", afirmou. Várias embarcações lotadas de imigrantes ilegais desembarcaram nesta semana no sul da Itália, entre elas uma na noite de quarta-feira com 463 imigrantes, procedentes, ao que parece, da Síria. Em 2013, mais de 25 mil imigrantes desembarcaram na costa do sul do país (Sicília e Calábria), ou seja, quase três vezes mais que em todo o ano de 2012.