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Recuo de Berlusconi salva governo do premiê italiano Enrico Letta

A decisão de Silvio Berlusconi surpreendeu principalmente os senadores de centro-esquerda que assistiram atônitos sua declaração a favor de Letta

Roma - Uma abrupta mudança de posição de Silvio Berlusconi, inicialmente comprometido com a queda do governo de Enrico Letta, permitiu a sobrevivência da coalizão graças a um voto de confiança no Senado. Uma moção de apoio ao poder executivo foi aprovada por uma esmagadora maioria de 235 votos (maioria absoluta de 153) e apenas 70 votos contra.



[SAIBAMAIS]Certamente, foi a extensão de uma briga interna em seu parti que levou à sua mudança surpresa. Para Maurizio Sacconi, um dos senadores rebeldes do PDL (23 chegaram a assinar um documento pró-Letta), Berlusconi teve que "levar em conta que apenas um quarto do partido era a favor da censura". A rebelião foi organizada especialmente em torno do vice-primeiro-ministro Angelino Alfano, um advogado siciliano de 42 anos, considerado por muitos como o herdeiro político de Silvio Berlusconi.

Alfano, um dos ministros forçados a renunciar, mas também o número dois do PDL, chegou a dizer que gostaria ser um "berlusconiano ao contrário". Ele desafiou publicamente o seu mentor terça-feira à noite pedindo a todos os parlamentares do PDL que votassem a favor de Letta. Em declarações ao Senado, Letta defendeu os rebeldes, incluindo os do Movimento Cinco Estrelas do ex-comediante Beppe Grillo, dizendo que "não suporta mais as lições de moral dadas àqueles que mudam de opinião".

O "gesto louco" de ruptura de Berlusconi foi motivado pelo medo de perder em meados de outubro sua cadeira no Senado e, portanto, sua imunidade parlamentar depois de sua condenado definitiva em 1; de outubro à prisão por fraude fiscal. Para Sandro Bondi, coordenador do PDL e que faz parte dos "falcões", Letta vai acabar com "uma aparência de governo". "Você conseguiu apenas um resultado: dividir o Povo da Liberdade", queixou-se.

Letta admitiu que teria agora "uma maioria diferente", e provavelmente mais apertada. Mas garantiu que "atingiremos todas as metas" para relançar o crescimento (econômico), os investimentos, a reforma eleitoral e a redução dos impostos sobre o trabalho. Outra promessa: a presidência rotativa da União Europeia que a Itália assume a partir do segundo semestre de 2014 será "focada no crescimento e no emprego após uma década de austeridade". Para Christian Schulz, do Berenberg Bank, uma vitória para Letta pode ser sinônimo de "confiança renovada na Itália e em toda a zona do euro".