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Forças Armadas do Irã diz que ameaça israelense é gesto de desespero

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu havia dito que Israel se preparava para agir sozinho para impedir Teerã de adquirir armas nucleares

Teerã - O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, o general Hassan Firouzabadi, chamou nesta quarta-feira (2/10) de gesto de desespero as ameaças israelenses em resposta à aproximação diplomática de Teerã com o Ocidente. "Tais palavras nascem do desespero", declarou, chamando Netanyahu de "belicista", em declarações divulgadas pela agência de notícias Fars.

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"Hoje, a opção militar é uma escolha enferrujada e ultrapassada, colocada sobre uma mesa bamba", afirmou Firouzabadi. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu havia dito no dia anterior, na Assembleia Geral das Nações Unidas, que Israel se preparava para agir sozinho para impedir Teerã de adquirir armas nucleares.

"Israel não irá permitir que o Irã obtenha armas nucleares. Se Israel for obrigado a agir sozinho, ele irá agir sozinho", insistiu Netanyahu, que criticou fortemente os sinais de abertura diplomática apresentados pelo novo presidente iraniano, Hassan Rohani. Um diplomata iraniano presente no encontro das Nações Unidas afirmou que o governo de seu país rejeita as alegações de que esteja buscando produzir uma bomba. Também criticou Netanyahu por seus comentários "extremamente inflamados" e fez uma advertência imediata sobre o "erro de cálculo" de lançar um ataque.

"O primeiro-ministro israelense faria melhor se nem mesmo pensasse em atacar o Irã, ser deixado sozinho planejando isso", declarou o vice-embaixador do Irã na missão da ONU, Khodadad Seifi, na Assembleia Geral. Netanyahu deve "seriamente evitar um erro de cálculo" no confronto, acrescentou. Rohani prometeu se engajar em um diálogo construtivo com a comunidade internacional e ser mais transparente sobre as atividades nucleares de seu país.



Os Estados Unidos e seus aliados, inclusive Israel, suspeitam que o Irã tenta adquirir armas atômicas sob a cobertura de um programa nuclear civil, o que Teerã nega. Firouzabadi, uma personalidade militar intransigente, parece apoiar a iniciativa diplomática de Rohani, que também foi bem recebida pelo Ocidente. "O Irã islâmico sairá vencedor, por sua posição revolucionária de flexibilidade heroica", disse o general, referindo-se a uma declaração do guia supremo iraniano, Ali Khamenei, declarando que a "flexibilidade às vezes é útil e necessária".

Ali Khamenei é a mais alta autoridade da República Islâmica, e tem a palavra final em todas as decisões importantes, incluindo a diplomacia e o programa nuclear. O general Firouzabadi também afirmou que Netanyahyu tinha, com suas observações, "reforçado a ameaça contra os sionistas. Netanyahu tem gravado seu nome à mesa das Nações Unidas sob o signo da beligerância", acrescentou.

O discurso de Netanyahu complica a movimentação de Rohani, que havia anunciado, na semana passada, sua expectativa de chegar a um acordo para por fim às dúvidas internacionais sobre as intenções nucleares de seu país. Rohani também enfrenta oposição em casa. Um grupo de jovens islamitas recebeu o presidente, com protestos, no aeroporto de Teerã, no domingo. O presidente iraniano chegava dos Estados Unidos.