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Venezuela pede órgão contra espionagem e mudança da sede da ONU

Jaua denunciou que os EUA pretendiam submeter os membros da comitiva da Venezuela a um "interrogatório"

Nova York - O chanceler venezuelano, Elías Jaua, pediu na última sexta-feira (27/9) na Assembleia Geral da ONU a criação de um organismo multilateral contra a espionagem e mudança de sede das Nações Unidas, em um contundente discurso contra os Estados Unidos.

Jaua solicitou ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, a criação de um organismo que "trabalhe para garantir o direito à privacidade e o poder de comunicação sem interceptações, para todos os habitantes do planeta".

O ministro denunciou o "complexo e sofisticado" sistema de Inteligência americano e questionou as Nações Unidas ao perguntar: quem impõe limite a tanta arbitrariedade e atropelo?"

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O chanceler também destacou que é preciso "repensar se a sede da ONU deve permanecer neste país (EUA), onde o governo não respeita a Organização e muito menos a soberania de cada um de seus membros". "Esta organização foi sequestrada. A paz do mundo e a dignidade humana são reféns em Nova York", onde está a sede da ONU.

Na quarta-feira, Nicolas Maduro cancelou o que seria sua primeira participação como presidente da Venezuela na Assembleia Geral da ONU, depois de acusar os Estados Unidos de impedirem-no de passar pelo espaço aéreo americano e de dificultar a concessão de visto à delegação de seu país.

Nesta sexta, a subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, negou qualquer barreira à comitiva venezuelana e afirmou que "houve uma grande confusão em relação à informação de que tipo de avião viria - de qual nacionalidade, ou de quem era o avião -, ou quando chegaria a delegação".

Jaua denunciou que os EUA pretendiam submeter os membros da comitiva da Venezuela a um "interrogatório", mas Jacobson rebateu afirmando que os Estados Unidos aprovaram mais de 200 vistos para a delegação venezuelana.

Estados Unidos e Venezuela mantêm relações tensas e não compartilham embaixadores desde 2010, embora Washington continue a ser o maior comprador do principal produtor de petróleo sul-americano.