Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, qualificou nesta sexta-feira (27/9) de "grande vitória da comunidade internacional" o acordo para uma resolução da ONU sobre a destruição do arsenal químico do regime sírio.
Obama concedeu entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca, após receber o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e horas antes da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o projeto russo-americano para a destruição do arsenal químico do regime em Damasco.
"Isto é algo que estamos buscando há muito tempo", declarou Obama aos jornalistas ao descrever o plano como uma "grande vitória da comunidade internacional".
"De forma realista, duvido que teríamos chegado a este ponto sem uma ameaça crível de ação (armada) americana após a terrível tragédia que ocorreu em 21 de agosto", quando um ataque químico matou centenas de civis em um subúrbio de Damasco.
O Conselho Executivo da Organização para a Interdição de Armas Químicas aprovou na noite desta sexta-feira, em Haia, o plano para a destruição do arsenal químico do regime sírio. "A decisão foi adotada e entra em vigor imediatamente", declarou o porta-voz da OIAC Michael Luhan aos jornalistas diante do prédio da organização.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunirá às 24H00 GMT (21H00 Brasília) para votar o projeto de resolução elaborado por Rússia e Estados Unidos sobre a destruição do arsenal químico de Assad.
O projeto de resolução "condena da maneira mais contundente" o uso de armas químicas na Síria e dá seu "aval" a um processo "para a rápida destruição do programa de armas químicas da República Árabe Síria". Os Estados membros poderão contribuir com o desmantelamento do arsenal sírio "adquirindo, inspecionando, transportando e destruindo" armas químicas.
Apesar dos avanços, Obama manteve a retórica agressiva e mencionou sua preocupação sobre a sinceridade do regime de Assad, mesmo diante de uma resolução de desarmamento vinculante" e "verificável" caso a Síria não cumpra com seus compromissos. "Da forma correta, estamos preocupados sobre se a Síria cumprirá seus compromissos".
Já o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, alertou as Nações ocidentais sobre a necessidade de se evitar "acusações e condenações" a Assad sem provas.
[SAIBAMAIS]"O uso de armas químicas é inadmissível, mas isto não significa que se possa usurpar o direito de acusar e condenar", disse Lavrov na Assembleia Geral da ONU. "Todos os incidentes associados ao uso de armas químicas na Síria devem ser investigados de uma maneira profissional e imparcial".
Qualquer acusação "deve ser examinada pelo Conselho de Segurança da ONU exclusivamente sobre a base de fatos, e não de alegações e conjecturas". O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse à margem da Assembleia Geral que "para Genebra ou qualquer outra reunião internacional (...) o Irã aceitará ativamente o convite e participará pelo bem do povo sírio",
Representantes da oposição síria expressaram em Nova York sua satisfação com o projeto de resolução: "estamos contentes porque algumas de nossas demandas foram aceitas", disse o presidente da Coalizão Nacional Síria, Ahmad Jarba. "Mas desejávamos uma resolução mais clara sobre o Capítulo VII", que prevê o uso da força, concluiu.