O relatório dos climatologistas que será apresentado na sexta-feira em Estocolmo será um "sinal de alerta para o mundo", disse esta quinta-feira (26/9), em Nova York Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU.
"Não há dúvida de que o informe do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) demonstrará a todos que o desafio que enfrentamos é mais importante e mais urgente do que pensávamos", disse Figueres durante uma entrevista coletiva no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York.
"A pergunta, logicamente, é qual será a reação dos governos diante deste desafio", acrescentou Figueres. "Está claro que os compromissos assumidos até agora (para reduzir as emissões de gases de efeito estufa) não são suficientes para alcançar a meta dos 2;C" de elevação da temperatura.
A comunidade internacional estabeleceu como meta para conter os efeitos do aquecimento global uma elevação da temperatura de 2;C em comparação com níveis pré-industriais, limite além do qual os cientistas advertem que o sistema climático sairia do controle, com uma sucessão de fenômenos extremos.
Figueres também saudou a iniciativa do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de organizar uma reunião de cúpula sobre as mudanças climáticas em setembro de 2014, em Nova York, para reunir líderes políticos e setor privado, conjuntamente, na próxima Assembleia Geral da ONU.
"Acreditamos que isto vai dar novo impulso às negociações" para a obtenção de um acordo climático internacional na conferência prevista para Paris, disse.
O IPCC, co-ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2007, apresentará na sexta-feira a primeira parte de seu relatório sobre a situação do aquecimento global, que será publicado em quatro etapas até o último trimestre de 2014.
Espera-se que esta primeira parte, baseada nas contribuições de 250 cientistas e em estudos já publicados, siga a linha dos quatro relatórios precedentes que detalharam as ameaças relacionadas ao aquecimento.
Também está previsto que confirme a responsabilidade humana nas mudanças climáticas e revise para cima a elevação do nível do mar e a intensidade de alguns fenômenos extremos (ondas de calor, fortes chuvas) em algumas regiões, segundo uma versão provisória revelada semanas atrás.