Berlim - A chefe do governo alemão, Angela Merkel, conquistou seu terceiro mandato nas eleições legislativas deste domingo (22/9), segundo as primeiras estimativas, que lhe concedem uma ampla vitória.
Aos 59 anos, a chanceler alemã - que é considerada a "mulher mais poderosa do mundo" pela revista Forbes - alcançou um terceiro mandato com cerca de 42% dos votos, segundo estas projeções.
Filha de um pastor protestante, casada duas vezes e sem filhos, Merkel demonstrou, com esta forte vitória, que continua sendo muito popular no país. Já seus sócios liberais devem ficar de fora do Parlamento, segundo as estimativas.
Depois de oito anos no comando da principal economia da Europa, e três liderando a busca de uma saída para a crise na Eurozona, Merkel se mostra preparada para dirigir o país por outro mandato, sem que sua imagem pareça sofrer o desgaste do poder e os efeitos da crise econômica mundial.
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Nascida e formada na ex-Alemanha Oriental, a líder conservadora é chamada às vezes "a chanceler de ferro" pela defesa ferrenha das políticas de austeridade.
Mas os alemães também a chamam de "Mutti" (mamãe), porque inspira a eles uma grande segurança em meio à turbulência europeia.
No exterior, no entanto, sua figura irrita, provoca revolta e até indignação.
Manifestantes irritados protestaram nas ruas de Atenas, Lisboa e Madri. Eles atribuíram a Merkel os cortes orçamentários que, segundo os críticos, estão derrubando as economias seus países e levando o índice de desemprego a níveis recordes.
Os gregos a detestam e a acusam de ter o desejo de deixar Atenas de joelhos.
"Merkel, fora", gritaram em passeatas e protestos milhares de manifestantes destas capitais. Alguns chegaram a exibir cartazes com caricaturas de Merkel, que aparece com um bigode estilo Hitler e vestida com uniforme nazista.
"Estou determinada a ver a Europa emergir mais forte da crise", insiste Merkel, dentro e fora do país.
"A Alemanha só pode ser forte com uma Europa forte", repete a chanceler, assegurando que Berlim não aspira exercer uma hegemonia sobre a União Europeia.
Durante a campanha eleitoral, que muitos criticaram pela falta de conteúdo, Merkel insistiu em seu programa de continuidade, ressaltando que a estabilidade na Europa é "crucial para o bem-estar da Alemanha".
Vinte e três anos depois da histórica reunificação, "Merkel encarna com perfeição as sensibilidades dos alemães neste início do século 21", afirma o editor da influente revista Die Zeit, Josef Joffe.
"A chanceler é perfeitamente previsível, em sua flexibilidade. E para o eleitorado, que detesta risco, isto agrada", escreveu Joffe.
Seu biógrafo, Gerd Langguth, ressalta que Merkel, apesar de estar sempre sob os holofotes, permanece um enigma.
"É uma esfinge", o que aprendeu em seus anos sob a ditadura da Alemanha Oriental", escreveu.
Quando menina, Angela Dorotea Kasner - a primeira mulher a governar a Alemanha e a primeira desde Margaret Thatcher a comandar um grande país europeu - sonhava em tornar-se patinadora artística.
Agora, oito anos depois de sua ascensão ao poder graças a uma aliança entre os conservadores da União Democrática Cristã (CDU) e os social-democratas, Merkel conta com 60% de opiniões favoráveis, algo que não tem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial.
"Ela se transformou em uma espécie de mãe da nação", afirma o cientista político Oskar Niedermayer.
"Ela encarna o comum dos mortais e isto agrada as pessoas", completa, ao destacar a imagem da mulher que se tornou a líder conservadora de sua geração.
Amante da ópera, do vinho tinto francês e das caminhadas nas montanhas italianas, Merkel, que faz as compras por conta própria em um supermercado barato, proclama que seu modelo é a dona de casa alemã, símbolo da austeridade e do autocontrole.
E seu marido, o professor de química Joachim Sauer, com quem Merkel se casou em 1998, é tão tímido que não compareceu à cerimônia de posse da chanceler, em 2005.
Resta saber se estará presente na próxima.