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Paquistão liberta ex-número dois dos talibãs afegãos a pedido de Cabul

Ex-braço direito do chefe dos rebeldes talibãs afegãos foi solto a pedido de Cabul para facilitar o processo de reconciliação afegão

Islamabad - O Paquistão libertou neste sábado (21/9) o mulá Abdul Ghani Baradar, ex-braço direito do chefe dos rebeldes talibãs afegãos, o mulá Omar, a pedido de Cabul, que confia nele para promover negociações de paz com os insurgentes. Segundo Islamabad, a libertação do mulá Baradar tem como objetivo "facilitar o processo de reconciliação afegão" para colocar fim ao conflito iniciado há quase 12 anos entre o governo de Cabul, apoiado pela Otan, e os insurgentes talibãs.

O Paquistão havia anunciado na noite de sexta-feira (20/9) a libertação de Baradar neste sábado. "Sim, Baradar foi libertado", confirmou pela manhã à AFP o porta-voz do ministério paquistanês do Interior, Omar Hamid, sem fornecer mais detalhes. A libertação também foi confirmada de forma oficiosa à AFP por uma fonte talibã.

O governo afegão tenta há anos negociar com os rebeldes, depois de não conseguir derrotá-los pelas armas, nem mesmo com a ajuda da Otan. Por isso acolheu positivamente a libertação de Baradar, solicitada pelo próprio presidente afegão, Hamid Karzai, em uma visita a Islamabad em agosto. Em 2010, quando foi detido, o líder talibã defendia o início de um diálogo de paz.

[SAIBAMAIS]"Agradecemos ao governo do Paquistão por ter respondido positivamente ao pedido do governo afegão. Estamos muito felizes com esta libertação", declarou à AFP Mohamad Islamil Qasimyar, membro do Alto Conselho para a Paz afegão, um órgão governamental criado por Karzai para negociar com os talibãs.

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"Baradar continua disposto a participar de negociações de paz, e esperamos que o faça em breve", afirmou Qasimyar. O Paquistão declarou nesta semana que não entregaria Baradar ao governo afegão. "Ele é quem deve decidir se quer viver aqui (no Paquistão) ou em outro lugar", informou à AFP Sartaj Aziz, principal assessor diplomático do primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif.

Foram mencionados vários destinos no exterior, como Turquia, Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos, mas segundo diversas fontes talibãs ele pode permanecer no Paquistão e se deslocar entre Karachi (sul), onde parte de sua família vive, e outras regiões. O mulá Baradar foi detido em Karachi, uma das retaguardas dos talibãs afegãos, em uma operação realizada pela CIA americana e por agentes paquistaneses. Após esta prisão, Islamabad foi acusada de sabotar as iniciativas de paz no Afeganistão, um país devastado por mais de 30 anos de guerras. O Paquistão é um aliado de Washington e ao mesmo tempo próximo dos talibãs afegãos de um ponto de vista histórico.

Desde 2012, o Paquistão, que combate em seu próprio território uma rebelião talibã local, afirmou estar disposto a favorecer um processo de paz no Afeganistão e foi libertando talibãs afegãos que havia detido. Baradar é o 34; talibã libertado pelo Paquistão desde o ano passado. "Somos otimistas" sobre as consequências positivas da libertação de Baradar, afirmou Mohamad Islamil Qasimyar em nome do governo afegão. Segundo ele, Baradar "continua sendo uma figura influente e respeitada pelos talibãs".