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Câmara dos Representantes aprova orçamento

Washington - A Câmara dos Representantes aprovou uma medida temporária para o orçamento nesta sexta-feira que manteria o governo norte-americano em funcionamento no ano fiscal de 2014, mas retirou o suporte financeiro à lei de reforma da saúde de Barack Obama.

Os legisladores votaram dentro das linhas do partido, com 230 a favor da continuação da resolução contínua que financia as operações de governo nos níveis atuais até 15 de dezembro, criando um confronto com o Senado, liderado pelos democratas, que avaliará a medida na próxima semana.

Muitas agências e programas federais deixarão de funcionar em 1; de outubro, no primeiro dia do próximo ano fiscal, se o Congresso e o presidente não concordarem com uma medida temporária do orçamento.

Contudo, o projeto de lei dos republicanos, em um aceno à ala mais conservadora do partido, inclui uma disposição que reduz o financiamento da reforma da saúde, que os críticos chamam de Obamacare e que os republicanos lutam para revogar desde sua aprovação há três anos.

"Vamos retirar o suporte financeiro dessa lei agora e proteger o povo americano da calamidade que, sabemos, essa lei criará", disse o número dois da Casa republicana, Eric Cantor, no debate final antes da votação.

A inclusão desse dispositivo controverso, entretanto, praticamente garante que o projeto não será transformado em lei e faz a nação cambalear rumo a uma possível paralisia.

O líder do Senado, Harry Reid, prometeu derrotar a medida na câmara dominada pelos democratas.

"Os republicanos estão simplesmente adiando por alguns dias a inevitável escolha que eles devem enfrentar: aprovar um projeto claro para financiar o governo, ou forçar uma paralisia do governo," disse Reid em um comunicado depois da votação da Câmara.

"O Affordable Care Act (lei de reforma da saúde) está em vigor há três anos. Os democratas estão prontos para trabalhar com as pessoas razoáveis que querem melhoras, mas as tentativas republicanas de fazer uma lei inteira refém simplesmente para acalmar os anarquistas do Tea Party são revoltantes, irresponsáveis e fúteis".

O presidente da Câmara, John Boehner, criticado pelos democratas que o acusam de ceder a extremistas em sua convenção partidária - incluindo alguns que dizem que uma paralisia parcial seria uma alternativa melhor que manter a Obamacare -, adotou um tom orgulhoso após a votação, dizendo que agora a decisão está nas mãos de Reid.

"A Câmara agiu e hoje pedimos ao Senado para agir", disse ele, sendo aplaudido pelos membros republicanos.

O Senado provavelmente aprovará uma emenda da resolução sem o tópico do Obamacare, contudo, colocando o líder da Câmara sob intensa pressão para fazer o mesmo, ou retomar o debate sobre o sistema de saúde e arriscar uma potencialmente devastadora paralisia do governo depois de 30 de setembro.

"Infelizmente, estaremos de novo aqui na semana que vem, enfrentando a mesma crise", disse a representante democrata, Nita Lowey, contra o projeto da Câmara.

A líder democrata da Câmara, Nancy Pelosi, advertiu que os membros devem "colocar nossa Casa em ordem" e evitar o risco de outra crise fiscal.

"Não estamos aqui para ampliar o governo, mas não estamos aqui para eliminar o governo," disse ela.

"O que foi apresentado hoje foi, sem dúvida, uma medida projetada para paralisar o governo. Não poderia haver outra intenção", acrescentou.

Pouco antes da votação, a Casa Branca alertou sobre os perigos de se "fazer política com economia", ao recusar aprovar um orçamento temporário ou aumentar o teto da dívida, que precisará acontecer em meados de outubro se o Tesouro dos EUA quiser evitar o "default".

"A última coisa que podemos nos permitir agora é que uma decisão de uma minoria dos Republicanos no Congresso atire nossa economia na crise, ao se recusar a pagar as contas de nosso país ou paralisar o governo", disse a Casa Branca.