Washington - Os Estados Unidos retificaram a decisão e autorizaram o uso de seu espaço aéreo pelo avião de Nicolás Maduro, que viaja à China, e declararam não ter negado vistos a uma parte da delegação venezuelana que participará da Assembleia Geral da ONU na próxima semana.
A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, indicou nesta sexta-feira (19/9) à AFP que os "Estados Unidos concederam permissão às autoridades venezuelanas" para usar seu espaço aéreo, embora o "pedido não tenha sido entregue adequadamente", razão pela qual a retificação foi realizada em algumas horas. Horas depois, a Venezuela admitiu a retificação de Washington.
"Felizmente, conseguimos superar este tema ontem (quinta-feira) depois de intensas negociações", disse em Nova York o encarregado de negócios da Venezuela nos Estados Unidos, Calixto Ortega, à rede de televisão oficial VTV.
Pouco antes da meia-noite de quinta-feira, e sem informar qual rota tomaria, Maduro anunciou no Twitter sua partida em direção ao gigante asiático: "Rumo à China, são tempos de colheita em nossa relação de pátrias irmãs", escreveu.
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Maduro, que visitará pela primeira vez como presidente o gigante asiático entre sábado e terça-feira, classificou de indignante e de falta grave a rejeição inicial de Washington em um inflamado discurso antes de partir. "Negar permissão a um chefe de Estado para que sobrevoe o espaço aéreo que eles colonizaram na terra de Porto Rico (associado aos Estados Unidos desde 1952) é uma falta grave", disse Maduro.
Mas Harf explicou que a Venezuela havia solicitado a autorização do voo com apenas um dia de antecedência, e não com os três dias exigidos, e, além disso, a aeronave não era um avião oficial venezuelano.
Ortega respondeu que a permissão "foi negada por escrito", embora "o pedido estivesse absolutamente apegado à norma de que, havendo um presidente no avião, o avião assume a imunidade do presidente". Maduro havia indicado que viajaria em um "avião seguro" da companhia aérea "Cubana de Aviación".
"Mudar sede da ONU"
[SAIBAMAIS]Harf indicou à AFP que a outra acusação de Maduro, de que o governo dos Estados Unidos não quer conceder visto ao seu ministro da presidência, Wilmer Barrientos, e ao seu chefe de segurança, o general Manuel Bernal, não é verdadeira. "Nenhum visto foi negado à delegação venezuelana para a Assembleia Geral da ONU deste ano", declarou Harf. Barrientos e Bernal farão parte da delegação venezuelana que comparecerá na próxima semana à Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York.
"Governo dos Estados Unidos, você é obrigado a dar o visto a toda a delegação venezuelana. Não aceito que negue o visto ao ministro Barrientos nem ao chefe da Casa Militar, nem a nenhum outro membro da delegação", havia afirmado Maduro ao informar sobre o veto americano aos vistos de seus compatriotas.
Os Estados Unidos "não são os donos da ONU. A ONU está em Nova York. Bom, a ONU terá que se mudar", acrescentou. Ele advertiu ainda: "Se eu tiver que tomar medidas diplomáticas contra o governo dos Estados Unidos, eu as tomarei se for necessário, mas não vou aceitar nenhum tipo de agressão".