Nova York - Os mercados de ações reagiram, em sua maioria, positivamente, nesta quinta-feira (19/9), à decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA) de manter sua política monetária inalterada e o dólar, que caiu com força na quarta-feira, reduzia suas perdas.
Wall Street, que registrou recordes históricos na quarta-feira após a decisão do Fed ser anunciada, fechou de lado, com o Dow Jones em queda de 0,26% e o Nasdaq, com alta de 0,15%, em um dia de realização de lucros após a alta do dia anterior, disseram analistas.
As bolsas fecharam com altas modestas, apesar da euforia causada pela decisão do Fed. Na bolda de Londres, o FTSE 100 ganhou 1,01%, o DAX de Frankfurt subiu 0,67%, o CAC 40, de Paris, 0,85% a 1,09% e o IBEX 35 da Bolsa de Madri teve alta de 1,01%.
Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou com alta de 1,8%, a de Hong Kong subiu 1,67% e a de Sidney 1,10%. Jacarta subiu 4,64%, Manila 3,08%, Bombai 2,73% e Bangcoc, 3,25%. Seul, Xangai e Taipei estavam fechadas devido a feriados.
A maior bolsa da América Latina, a de São Paulo, fechou em queda de 1,09%, após registrar forte alta de 2,64% na quarta-feira em reação ao Fed.
O Fed decidiu manter na quarta-feira as compras mensais de 85 bilhões de dólares em títulos do Tesouro e hipotecários, assim como sua taxa básica de juros próxima a zero, o que surpreendeu os investidores que esperavam o começo de uma mudança da política monetária.
"Esta decisão do Fed é uma surpresa para os investidores que se posicionaram e tinham internalizado que o presidente (Ben) Bernanke começaria a reduzir" a injeção de liquidez em 5 a 10 bilhões de dólares, comentou um investidor da Spreadex Alex Conroy.
Emergentes respiram aliviados
Na Ásia, assim como no Brasil, as economias emergentes respiravam aliviadas depois de ter assistido à fuga de capitais nos últimos meses, o que depreciou suas moedas.
[SAIBAMAIS]"Ben Bernanke ameaçou retirar os estímulos, mas mudou de opinião (...) e nos disse que a festa continua", disse Kit Juckes, estrategista do banco Societe Generale.
"Os mercados emergentes são os que mais sofreram com essas ameaças e são os que mais subiram depois do adiamento da retirada dos estímulos", acrescentou.
"Está claro que ;adiar; não é o mesmo que ;retirar; e isso acontecerá em seu devido tempo, mas, no momento o alívio continua", comentou. Os maciços estímulos que o Fed iniciou no ano passado têm sustentado o crescimento da economia dos Estados Unidos e as fortes altas das bolsas de todo o mundo.
Bernanke respondeu na quarta-feira às críticas das nações emergentes sobre esta política monetária ultraflexível.
A perspectiva de uma mudança provocou uma alta das taxas de longo prazo nos EUA, o que levou alguns investidores a retirar fundos de países emergentes, o que desvalorizou as moedas locais. Assim o Brasil, Índia ou Turquia viram suas moedas cair com força frente ao dólar.
"É certo que as mudanças nas taxas de juros a longo prazo nos EUA, mas também em outros países desenvolvimento, tem efeitos sobre os países emergentes", admitiu Bernanke.
Contudo, minimizou a responsabilidade do Fed ao afirmar que essas saídas de capitais também podiam estar ligadas as fracas perspectivas de crescimento nas economias emergentes ou a uma mudança de "preferências" dos investidores.
A decisão do Fed "poderia fazer com que a saída de capitais (dos países emergentes) cesse ou se inverta", disse a Barclays Capital em uma nota, citada pela agência Dow Jones.
O retorno dos capitais seria "particularmente bem-vindo nos mercados de divisas e as taxas nos países que tem fortes déficits nas contas correntes", como Índia e Indonésia, resume Barclays Capital.