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Grécia tem segundo dia de greve geral contra reformas no setor público

O descontentamento social voltou a surgir na Grécia após o anúncio do governo de que demitirá 4 mil funcionários e colocará outros 25 mil "em disponibilidade" até o final do ano

Escolas, institutos e hospitais foram particularmente afetados nesta terça-feira (17/9) na Grécia pelas greves, em uma mobilização que começou na segunda-feira contra o plano de reestruturação do setor público exigido pelos credores do país.

O descontentamento social voltou a surgir na Grécia após o anúncio do governo, pressionado pelos credores (UE-BCE-FMI), de que demitirá 4 mil funcionários e colocará outros 25 mil "em disponibilidade" até o final do ano.

Funcionários de hospitais e advogados se somaram nesta terça-feira à greve que professores, funcionários públicos e membros de Ministérios iniciaram na segunda-feira.

Dezenas de funcionários do Ministério do Desenvolvimento e da principal caixa de pensões, a IKA, no centro de Atenas, protestaram contra as reestruturações previstas pelo governo de coalizão de direita e socialistas do primeiro-ministro, o conservador Antonis Samaras.

"Acabamos de receber a lista dos 100 primeiros funcionários do Ministério" em condição de disponibilidade, disse à AFP, Dimitra Chioni, presidente do sindicato do Ministério. "Estamos certos que esta disponibilidade acabará em sua demissão", acrescentou.

Muitos colégios e liceus públicos e privados de todo o país permaneceram fechados, acatando uma greve de cinco dias prorrogável, convocada pelo sindicato dos professores da escola de Ensino Médio Olme, movimento que foi muito seguido na segunda-feira, segundo os sindicatos e o próprio Ministério da Educação.



Os professores protestam contra as supressões de postos de trabalho e de matérias consideradas como "secundárias" (idiomas, desenho, música).

As universidades também continuam fechadas e se negam a oferecer ao governo a lista de funcionários de seus serviços que terão que integrar as listas de disponíveis.

Os médicos de hospitais se somaram à mobilização iniciando uma greve de três dias até quinta-feira. Seu sindicato Oenge pediu "o apoio dos hospitais ameaçados de fechamento" após as fusões anunciadas pelo governo.

Os advogados também iniciaram uma greve de dois dias contra a nova regulamentação da profissão, que reduz a remuneração dos advogados.

Setor privado

Estas mobilizações são o preâmbulo de uma greve de 48 horas que vai afetar na quarta-feira e na quinta-feira todo o setor público, convocada pela central sindical do setor público Adedy, que também previu manifestações.

A central do setor privado GSEE também anunciou que participará da manifestação de quarta-feira "em solidariedade aos funcionários afetados" e uma greve de quatro horas, nas primeiras horas da tarde.

"A luta vai continuar para pôr fim à pobreza, a miséria, o desemprego, a austeridade, a chantagem e as demissões no (setor) privado e no público (...) e as políticas bárbaras de austeridade", afirmou a GSEE.

Estas greves coincidem com a vista de Samaras a Bruxelas, onde se reúne nesta terça-feira com os dirigentes da União Europeia.

Em uma tentativa de acalmar os ânimos, Samaras disse na segunda-feira que não se pode continuar com as políticas de austeridade e que a Grécia precisa de medidas para voltar a crescer.

Após lembrar que no primeiro programa dos credores houve "sérios erros", Samaras destacou que seu país voltará a recuperar em "seis anos" o nível de vida que tinha antes da crise da dívida em 2010.