Armas químicas proibidas foram utilizadas em larga escala na guerra da Síria e há claras evidências de que gás sarin matou centenas de pessoas em um ataque próximo a Damasco no mês passado, informaram os inspetores da ONU nesta segunda-feira (16/9). Armas químicas foram utilizadas no conflito, que já dura 30 meses, em uma escala relativamente grande, afirma o relatório que será divulgado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
[SAIBAMAIS]Os inspetores da ONU responsáveis por preparar este relatório foram a Damasco no dia 18 de agosto para investigar alegações de que armas químicas foram utilizadas em Khan al-Assal, perto de Aleppo, no dia 19 de março, e em outras duas cidades, que foram identificadas nesta segunda-feira como Sheik Maqmood e Saraqueb. Os especialistas estavam em Damasco quando ocorreu o ataque à região da Ghoutta, no dia 21 de agosto. A equipe recebeu a ordem de se concentrar no ataque de Ghoutta e retornará mais tarde para investigar os outros locais.
Estas informações estavam na primeira página do documento e foram vazadas inadvertidamente depois da divulgação de uma foto na qual o líder da investigação da ONU, Ake Sellstrom, entrega o relatório a Ban Ki-moon. Ban deve entregar o relatório completo ao Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira. Enquanto o governo sírio, apoiado pela Rússia, nega qualquer utilização de armas químicas, Ban afirmou na sexta-feira que Assad realizou "muitos crimes contra a humanidade". No entanto, ele não acusou o presidente sírio de utilizar armas químicas.
O Conselho de Segurança da ONU deve iniciar negociações nesta semana sobre uma resolução para apoiar o plano acordado no fim de semana entre o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o secretário americano de Estado, John Kerry, para destruir as armas químicas sírias. Após um encontro de seus chanceleres em Paris nesta segunda-feira, França, Estados Unidos e Grã-Bretanha pediram uma resolução forte para colocar pressão sobre o regime de Assad, e Estados Unidos e França afirmaram que ainda é possível ocorrer uma ação militar na Síria.
A Rússia, no entanto, insistiu que não concordará com uma resolução da ONU que inclua uma ameaça de força contra o governo sírio. Rússia e China já vetaram três resoluções desde o início da revolta síria, em março de 2011, que buscavam aumentar a pressão sobre o regime de Assad.