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Bispos católicos pedem reforma política em Cuba e melhor relação com EUA

Essa é a carta pastoral mais direta dos bispos católicos cubanos dirigida ao governo em duas décadas

Havana - A Conferência Episcopal de Cuba pediu neste domingo (15/9) ao governo de Raúl Castro que faça reformas políticas, que sejam mantidas as mudanças econômicas que abriram espaço para a iniciativa privada na ilha e que se tente melhorar os laços com os Estados Unidos.

"Como vem ocorrendo no aspecto econômico, consideramos imprescindível em nossa realidade cubana uma atualização, (...) da nossa legislação nacional na ordem política", afirmaram os bispos, em carta pastoral intitulada "La Esperanza no defrauda", publicada em sua página na Internet (www.iglesiacubana.org).



"Nesse contexto de política internacional, faz-se necessário considerar as relações de Cuba com os Estados Unidos, que durante longas décadas, de diversos modos e de maneira constante e profunda, afetaram a vida do nosso povo", acrescenta a carta.

A Conferência Episcopal, presidida pelo arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega, defendeu ainda um "diálogo" em favor da "reconciliação nacional" e medidas para incentivar o "crescimento pessoal", que contribuam para conter a emigração de milhares de cubanos todos os anos. Em 2012, mais de 46 mil pessoas deixaram a ilha.

Essa é a carta pastoral mais direta dos bispos católicos cubanos dirigida ao governo em duas décadas, desde a publicação, em 1993, da carta "El amor todo lo puede". Esse foi o momento mais duro da crise econômica em Cuba, chamado oficialmente de "período especial".

Sob a presidência de Raúl Castro, que substituiu seu irmão adoentado Fidel em 2006, a Igreja Católica se tornou o único interlocutor do governo, no único país de governo comunista do Ocidente.