O jornal The New York Times justificou nesta quinta-feira (12/9) a publicação de uma coluna "cativante" do presidente russo Vladimir Putin, na qual ele pressiona os Estados Unidos por uma negociação sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio.
A redação do jornal foi procurada na quarta-feira por uma empresa de relações públicas americana que representa Putin e que propôs um texto em inglês assinado pelo presidente russo, conta em seu blog Margaret Sullivan, mediadora do NYT, citando um de seus colegas das páginas de opinião do jornal, Andrew Rosenthal.
A mesma ação havia sido realizada pelo porta-voz de Putin no escritório do NYT em Moscou.
Rosenthal decidiu rapidamente publicar a coluna na noite de quarta-feira porque pensou que estava "bem escrita e bem argumentada", embora ele não estivesse de acordo "com muitos dos argumentos" expostos no texto, disse Sullivan. "A Síria é uma história importante na qual Putin é um personagem central", justificou Rosenthal, rejeitando as críticas de um leitor horrorizado com o fato de o "New York Times apoiar um inimigo de longa data dos Estados Unidos".
A coluna do chefe de Estado russo foi publicada nas páginas "editoriais e opiniões" do NYT por ter sido considerada por Rosenthal como "cativante e detalhada", além de possuir um valor "informativo".
No texto, divulgado poucas horas antes do início de negociações cruciais entre russos e americanos em Genebra sobre as armas químicas de Damasco, Putin adverte aos Estados Unidos contra o uso da força na Síria.
Também acusa os rebeldes sírios, e não o regime de Damasco, de ter realizado o ataque químico de 21 de agosto para provocar "uma intervenção" americana. Esta declaração "fica na categoria das opiniões", explicou Rosenthal.
Diante da pergunta de um leitor sobre o pagamento que Putin receberia por sua coluna, Sullivan declarou: "Resposta sem surpresas; o senhor Putin não será remunerado".