--- O momento de superar os traumas ---
O presidente Sebastián Piñera liderou mais cedo uma cerimônia religiosa no palácio presidencial de La Moneda, bombardeado por ar e terra no dia do golpe de Estado, 11 de setembro de 1973.
Ao fazer um discurso, convocou a superar os traumas do passado. "Chegou o momento, depois de 40 anos, não de esquecer, mas de superar os traumas do passado", disse Piñera.
"O melhor legado que podemos entregar aos nossos filhos é dar a eles um país reconciliado e em paz", acrescentou Piñera, o primeiro presidente de direita após a chegada da democracia, em 1990.
No âmbito da celebração, Piñera se distanciou da posição demonstrada até agora pelo setor político que representa, dando maior ênfase maior às responsabilidades dos políticos da ditadura e de seus "cúmplices passivos" no desrespeito aos direitos humanos.
Também se referiu ao papel de jornalistas e juízes da época, o que motivou um reconhecimento por parte da Suprema Corte de suas omissões na proteção às vítimas da ditadura, por ter rejeitado milhares de recursos de amparo a seu favor.
O presidente reiterou nesta quarta-feira sua condenação aos responsáveis diretos pela violação dos direitos humanos no Chile, mas "também aos que, podendo ter feito mais por terem cargos de responsabilidade, simplesmente não o fizeram".
"Para poder seguir reconciliando nosso país, vamos ter que continuar avançando pelos caminhos da verdade e da justiça", acrescentou.
O golpe de Estado de Pinochet, no dia 11 de setembro de 1973, derrubou o governo socialista de Salvador Allende, instaurando por 17 anos uma ditadura que terminou com mais de 3.200 mortos e 38.000 torturados.
Na segunda-feira, o governo de Piñera e a oposição de centro-esquerda celebraram, em dois atos distintos, o aniversário do golpe de Estado, mostra de que a data ainda divide a sociedade chilena.
Durante a noite está previsto um evento em memória às vítimas no Estádio Nacional de Santiago, transformado pela ditadura no maior centro de torturas de prisioneiros políticos.