Damasco - O presidente Barack Obama tenta obter o máximo de apoio nos Estados Unidos e no exterior para uma intervenção militar na Síria, enquanto Damasco assegura que não se curvará, "mesmo em caso de uma Terceira Guerra Mundial". Já o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta quarta-feira (4/9) o Congresso dos Estados Unidos de que vai considerar uma agressão se for aprovado um ataque à Síria.
As forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, que tem no governo russo seu maior aliado, são acusadas de terem usado de armas químicas em um ataque efetuado no dia 21 de agosto perto da capital. Em Damasco, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Moqdad, afirmou que o "regime sírio não se curvará às ameaças de um ataque do ocidente, mesmo se houver uma Terceira Guerra Mundial".
Uma comissão do Senado americano deve votar um novo texto a este respeito quarta-feira às 15h30 (12h30 de Brasília). Os votos das duas câmaras do Congresso permanece um mistério, mesmo com Obama tendo conseguido o apoio de seu principal adversário, o presidente republicano da Câmara de Representantes, John Boehner. O chefe da diplomacia americana, John Kerry, citou a ameaça iraniana, assegurando que a falta de uma ação é mais perigosa do que uma intervenção.
Frente às ameaças, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores disse que a "Síria tomou todas as medidas para reagir a uma agressão" e que "mobiliza seus aliados, como a Rússia e o Irã. "Se a França quiser apoiar a Al-Qaeda e a Irmandade Muçulmana como apoiou no Egito e em outra regiões do mundo, fracassará na Síria", garantiu.
Aliado do presidente Bashar al-Assad, Putin considerou que, se o Congresso americano autorizar ataques, os Estados Unidos "estarão permitindo uma agressão porque tudo que está fora do marco do Conselho de Segurança das Nações Unidas é uma agressão, a menos que seja em legítima defesa". Ele já havia exigido "provas convincentes" do uso de armas químicas, mas adotando um discurso mais conciliador na véspera da abertura da cúpula do G20 na Rússia.
A pertinência de uma intervenção, defendida pelo presidente francês François Hollande está sendo discutida nesta quarta-feira no Parlamento francês. "Não reagir" militarmente na Síria seria como "fechar a porta para uma solução política ao conflito", declarou o primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault na abertura dos debates. Dois anos e meio após o início do conflito na Síria, que já deixou mais de 110 mil mortos, segundo uma ONG, Estados Unidos e França procuram formar uma coalizão para intervir militarmente no país, como forma de "punir" o regime acusado de um ataque químico que causou centenas de mortes em 21 de agosto.
Putin indicou ainda que seu país suspendeu o envio a Damasco de baterias terra-ar S300, de sistemas de defesa anti-aérea e antimísseis, enquanto que os Estados Unidos posicionaram no Mediterrâneo cinco destróieres capazes de atacar a Síria. No terreno, os combates prosseguem. Rebeldes islamitas se apoderaram nesta quarta-feira de um posto militar na entrada da cidade cristã de Malula (norte), enquanto quase toda a Síria ficou privada sem elétrica depois de um ataque contra uma linha de alta tensão no centro do país.