Moscou - Os líderes dos países do G20 se reunirão na quinta (5/9) e na sexta-feira (6/9) em São Petersburgo em um ambiente marcado pela divisão entre potências ocidentais e países emergentes sobre temas como a política monetária americana e, principalmente, o conflito na Síria.
Entre a crise síria e a situação dos países emergentes "esta cúpula do G20 deve ser a que gera mais divisões", disse o economista Chris Weafer, da consultoria Macro Advisory.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, país que preside o G20 este ano, lembrou na segunda-feira que "o G20 foi criado para resolver problemas econômicos e financeiros", e que a Síria "não figura na agenda da cúpula de São Petersburgo".
Na agenda oficial, está a situação econômica mundial e como enfrentar a crise financeira que atinge em cheio os países emergentes, que tiveram suas moedas nacionais desvalorizadas e que registram uma desaceleração no crescimento.
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Contudo, o chanceler russo Serguei Lavrov reconheceu que "qualquer autoridade política pode pôr o tema em pauta se desejar;, referindo-se à crise síria.
Para Serguei Karaganov, da Faculdade de Economia e de Política Internacional de Moscou, os presidentes que estão em São Petersburgo podem, inclusive, tentar evitar o assunto, "ou então a cúpula ficará tão dividida que não dará em grande coisa".
Estados Unidos e França planejam uma ação militar limitada na Síria após o massacre de centenas de pessoas perto de Damasco em um suposto ataque com armas químicas. Já a Rússia, principal aliada do regime do presidente Bashar al-Assad, rejeita qualquer intervenção.
[SAIBAMAIS]
Além da Síria, o encontro promete ser tenso, no momento em que os países emergentes assistem à desvalorização de suas divisas: o real se desvalorizou 15% desde o começo do ano, a rúpia indiana perdeu um quarto de seu valor e o rublo russo, 10%.
Esses países impulsionam o crescimento mundial desde a crise de 2008-2009 e agora constituem uma nova fonte de preocupação para a economia, justamente quando a zona do euro sai da recessão.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê, segundo relatório publicado nesta terça-feira, a continuidade do crescimento da economia mundial apesar de esta não estar "firmemente estabelecida", dadas "as dificuldades que as economias emergentes enfrentam".
Os países emergentes sofrem os efeitos dos projetos do Federal Reserve norte-americano de diminuir sua política de estímulo à economia, o que incita os investidores a voltar aos Estados Unidos frente à perspectiva de uma alta das taxas na primeira economia mundial.
O grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que se reúne na quinta-feira, tentará se unir e criar uma frente comum para pedir aos Estados Unidos que evitem os danos colaterais gerados por sua política monetária.
A África do Sul pediu na segunda-feira "um melhor reconhecimento do fato de que vivemos em um mundo interconectado" e alertou para decisões "baseadas unicamente nos interesses nacionais que podem ter consequências graves em outras nações".