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Ban Ki-moon teme que ataque militar aumente 'banho de sangue' na Síria

"Devemos considerar o impacto que uma ação punitiva teria sobre os esforços para evitar mais banho de sangue e facilitar uma solução política para o conflito", disse Ban

NOVA YORK - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou nesta terça-feira (3/9) que um ataque militar contra a Síria, em resposta ao suposto uso de armas químicas pelo regime, pode agravar o conflito no país.

"Devemos considerar o impacto que uma ação punitiva teria sobre os esforços para evitar mais banho de sangue e facilitar uma solução política para o conflito", disse Ban em uma coletiva de imprensa na sede da ONU.

Ban Ki-moon pediu que as potências do Conselho de Segurança da ONU se unam para impedir o uso de armas químicas, considerando que o organismo tem "uma responsabilidade coletiva com a Humanidade".

"Peço que os membros (do Conselho) unam e definam uma resposta apropriada, caso as acusações (de uso de armas químicas) se revelem verdadeiras", declarou.

O secretário pareceu criticar a vontade manifestada pelos Estados Unidos de iniciar uma operação militar na Síria sem o aval da ONU.

"Qualquer ação futura, de acordo com os resultados das análises (das amostras recolhidas pelos investigadores da ONU) deverá ser analisada pelo Conselho de Segurança", ressaltou.

"Tudo deverá ser conduzido de acordo com a Carta das Nações Unidas", indicou. "O uso da força é legal apenas quando é utilizada em defesa própria, com base no artigo 51 da Carta das Nações Unidas e/ou quando o Conselho de Segurança aprova tal ação".


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No entanto, ele não quis dizer se considera ilegal uma operação estrangeira contra o regime sírio.

Entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, Rússia e China se opõem a um ataque militar. Os Estados Unidos e seus aliados defendem uma ação em resposta.

Quanto à investigação da ONU sobre o caso, Ban indicou que as amostras recolhidas do local do ataque de 21 de agosto "devem chegar entre hoje e amanhã nos laboratórios".

O secretário recebeu nesta terça-feira os embaixadores de dez países membros não-permanentes do

Conselho para informar sobre os avanços das investigações.

Ele deve deixar Nova York esta tarde rumo a São Petersburgo (Rússia), onde será realizada a cúpula do G20.

Ban confirmou que aproveitará "esta reunião para discutir com os líderes mundiais" a crise síria e reafirmou a necessidade de "aumentar os esforços para convocar, o quanto antes, a conferência Genebra II", destinada a preparar uma transição na Síria.

Os preparativos para essa reunião estão parados em razão das divergências sobre o dia da reunião e seus participantes.