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Número de refugiados sírios supera dois milhões, diz Organizações Unidas

A quantidade de dois milhões está constituída por sírios registrados como refugiados ou em processo de registro

Damasco - As Nações Unidas anunciaram nesta terça-feira (3/9) que o número de refugiados sírios superou dois milhões de pessoas, oito vezes a mais que há 12 meses, num momento em que o governo de Barack Obama tenta convencer o Congresso americano sobre uma ação contra o país árabe. Neste contexto de tensão, a Rússia - aliado do regime sírio - anunciou ter detectado o lançamento de dois mísseis de cruzeiro no Mar do Mediterrâneo. Horas depois, Israel confirmou ter realizado com êxito o disparo de um míssil do tipo Ankor durante um exercício militar israelense-ameriano.



[SAIBAMAIS]Os países vizinhos da Síria receberam 1,8 milhão de refugiados no último ano, destacou o Acnur. A quantidade de dois milhões está constituída por sírios registrados como refugiados ou em processo de registro. No fim de agosto, a população refugiada chegava a 110.000 no Egito, 168.000 no Iraque, 515.000 na Jordânia, 716.000 no Líbano e 460.000 na Turquia. No total, 52% da população tem 17 anos ou menos. O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) anunciou em 23 de agosto que o número de menores de idade sírios refugiados havia superado um milhão.

O Acnur recorda que 4,25 milhões de pessoas estão deslocadas dentro da Síria, segundo dados de 27 de agosto do OCHA, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Analisadas em conjunto, a marca de seis milhões de pessoas retiradas de suas casas não têm parâmetro em nenhum outro país, afirma o Acnur, que anunciou uma reunião ministerial dos países que recebem os refugiados para tentar reforçar a ajuda internacional. A União Europeia se alarmou com esta cifra e advertiu que vai aumentar por causa da violência cada vez mais brutal e desumana registrada no país.

Batalha pelo convencimento

Enquanto o presidente sírio Bashar al-Assad advertiu na terça-feira que uma intervenção militar em seu país implicará no risco de uma guerra regional, o presidente Barack Obama multiplica os contatos com membros da Câmara de Representantes e do Senado para tentar convencer a classe política sobre a necessidade de uma ação. O Congresso deve se pronunciar sobre uma intervenção na Síria a partir do fim do recesso parlamentar, no dia 9 de setembro. O secretário de Estado, John Kerry, afirmou que os Estados Unidos tinham recebido e analisado amostras provando a utilização de gás sarín no ataque de 21 de agosto, que o governo americano atribuiu ao regime de Damas.

A França, grande aliada dos Estados Unidos na questão, divulgou na segunda-feira provas da responsabilidade do que, segundo ela, foi um ataque com armas químicas do regime sírio em 21 de agosto. O presidente francês, François Hollande, "mantém seu trabalho de persuasão para formar dentro dos melhores prazos (esta) coalizão", declarou o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, depois dos recuos americano e britânico. O Parlamento francês debaterá na quarta-feira em sessão extraordinária sobre uma eventual intervenção militar, apesar de não estar prevista nenhuma votação, segundo Ayrault. "O povo francês não é nosso inimigo, mas à medida que a política do Estado francês é hostil ao povo sírio, esse Estado será seu inimigo", alertou Assad em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro. A três dias de uma reunião de cúpula do G20 na quinta-feira, em São Petersburgo - onde não se espera um encontro entre Vladimir Putin e Obama -, a Rússia reiterou a oposição a qualquer ação militar contra sua aliada Síria.