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Exército sírio permanece em alerta; Obama tenta convencer congressistas

O presidente norte-americano iniciou uma intensa campanha de lobby para tentar convencer os congressistas reticentes a dar o apoio à intervenção militar na Síria

Damasco - Damasco pediu nesta segunda-feira (2/9) à ONU que impeça uma agressão contra a Síria, num momento em que Estados Unidos e França tentam convencer seus respectivos parlamentares da necessidade de um ataque contra este país, acusado de utilizar armas químicas. O governo sírio, que permanece em alerta, apesar da perspectiva mais distante de uma ação militar iminente contra seu território, pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que faça todo o possível para "impedir uma agressão contra a Síria".



A China se declarou muito preocupada com eventuais ações militares unilaterais e voltou a defender uma solução política. O Irã voltou a criticar qualquer intervenção estrangeira na Síria. A oposição síria acusa o regime de ter transferidos equipamentos e soldados para áreas residenciais e prédios civis do governo, além de ter instalado lança-foguetes e armas armas pesadas em bairros residenciais.

[SAIBAMAIS]O Congresso americano

Barack Obama, que se declarou no sábado determinado a atacar a Síria, mas com o aval do Congresso, iniciou uma intensa campanha de lobby para tentar convencer os congressistas reticentes a dar o apoio à intervenção militar na Síria, informou uma fonte da Casa Branca. Obama, o vice-presidente Joe Biden e o chefe de gabinete da presidência intensificaram as ligações para senadores e representantes, segundo a mesma fonte.

"Repetimos o mesmo argumento base: se nada for feito contra Assad, o impacto dissuasivo da legislação internacional contra o uso de armas químicas se verá debilitado e correremos o risco de que Assad e seus principais aliados - Hezbollah e Irã - também considerem que a flagrante violação das normas internacionais não têm nenhuma consequência", disse uma fonte da Casa Branca.

A Câmara de Representantes e o Senado, de férias até 9 de setembro, debaterão em separado a partir desta data a situação da Síria. O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que Washington recebeu e analisou mostram que provam o uso de gás sarin no ataque de 21 de agosto, que atribuiu novamente ao regime de Damasco.

Uma nota do serviço de inteligência francês, citada pela imprensa, afirma que o regime sírio conta com "várias centenas de toneladas de iperita (gás mostarda)" e "gás sarin", uma reserva total de mais de mil toneladas de agentes químicos. No domingo (1;), os chanceleres da Liga Árabe pediram a adoção das "medidas de dissuasão necessárias" contra o regime sírio.

Mas o bloco não citou a eventualidade de bombardeios estrangeiros contra a Síria, um sinal da profunda divisão dentro da instituição sobre a questão. Nesta segunda-feira (2/9), o papa Francisco reiterou o apelo contra qualquer ataque na Síria. "Guerra nunca mais, guerra nunca mais", escreveu o pontífice em sua conta no Twitter.

Pelo menos 42 pessoas morreram no domingo durante uma ofensiva das forças governamentais sírias contra posições rebeldes na cidade de Ruhaiba, ao nordeste de Damasco, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).