Nesta entrevista concedida ao programa de rádio apresentado por Tom Joyner, Obama avisou que seu discurso "não será tão bom" quanto o pastor de Atlanta. O texto de Luther King talvez seja "um dos cinco maiores discursos da história americana. As palavras que ele disse naquele momento - quando os desafios eram enormes -, a forma como ele alimentou as esperanças e os sonhos de uma geração inteira, na minha opinião, são incomparáveis ", argumentou o presidente.
As desigualdades persistem
Martin Luther King, assassinado por um branco em 1968, aos 39 anos, "ficaria maravilhado com o progresso que alcançamos" desde a época da segregação, afirmou Obama, referindo-se à "igualdade perante a lei, ao acesso ao serviço judicial e aos milhares de representantes negros em todo o país". Porém, o presidente também reconheceu que importantes desigualdades econômicas entre as minorias raciais e a maioria branca persistem. A taxa de desemprego entre os negros, por exemplo, é de 12,6%, quase o dobro da média.
King "diria que nós não avançamos muito neste aspecto e que ter um presidente negro não é o suficiente", disse Obama, que, desde a sua campanha eleitoral em 2008, é cauteloso sobre a espinhosa questão das relações interraciais. A reação do presidente no caso Trayvon Martin, um adolescente negro morto em fevereiro de 2012 na Flórida por um segurança branco que foi absolvido, ganhou destaque.
"Há 35 anos, eu poderia ter sido Trayvon Martin", disse Obama há algumas semanas. Comovido, o presidente falou de uma "história não esclarecida" e disse que, no passado, havia sido discriminado e estigmatizado por causa da sua cor de pele. Dezenas de milhares de pessoas já participaram no sábado dos eventos que comemoraram a "Marcha de Washington", nos quais o filho de Luther King e a mãe de Trayvon Martin falaram. "O trabalho não acabou, a viagem não está encerrada", disse Martin Luther King III há alguns dias. Os ex-presidentes democratas Jimmy Carter e Bill Clinton também devem discursar nesta quarta-feira.