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Talibãs matam 12 afegãos; cinco trabalhavam em ONG americana

Comissão Internacional de Resgate (IRC), sediada em Nova York, confirmou que cinco afegãos membros da organização - homens na faixa dos 20 - foram levados como reféns no domingo e mortos por seus sequestradores na segunda

HERAT, 27 agosto 2013 (AFP) - Insurgentes talibãs executaram 12 civis afegãos em dois eventos distintos, informaram as autoridades locais nesta terça-feira (27/8), acrescentando que os corpos de cinco trabalhadores humanitários foram abandonados no hospital pelo grupo que os havia capturado.

A Comissão Internacional de Resgate (IRC), sediada em Nova York, confirmou que cinco afegãos membros da organização - homens na faixa dos 20 - foram levados como reféns no domingo e mortos por seus sequestradores na segunda.

Um representante local do Ministério afegão de Reabilitação e Desenvolvimento Rural também foi morto na província de Herat, no oeste do país. Ele viajava com a equipe da IRC.

"Homens armados pararam o táxi em que circulavam e o obrigaram a se dirigir para outro lugar (diferente de seu destino inicial). Na segunda à noite, os sequestradores deixaram os corpos em um hospital local", divulgou a IRC.

A organização disse não ter mais detalhes sobre o que aconteceu, nem sobre as motivações dos sequestradores.

Na província de Paktia, no leste do país e na fronteira com o Paquistão, seis caminhoneiros foram encontrados mortos. Eles também haviam sido sequestrados.
[SAIBAMAIS]
A notícia sobre as novas mortes surge no momento em que o presidente Hamid Karzai tem seu segundo dia de negociações no Paquistão. Karzai pede a ajuda de Islamabad para estabelecer negociações de paz com os talibãs, na tentativa de encerrar 12 anos de conflito no Afeganistão.

O presidente Karzai condenou duramente os assassinatos, pelos quais culpou os insurgentes talibãs. Ele fez ainda uma referência velada à percepção generalizada de que há elementos no Paquistão que apoiam e abrigam os militantes islamitas.

"Os assassinatos mostram que o talibã e seus líderes estrangeiros querem que o Afeganistão permaneça um país dependente e pobre para sempre", declarou Karzai.

Os funcionários da IRC voltavam de férias para o distrito de Gulran, na província de Herat, para continuar o trabalho no Programa Solidariedade Nacional (NSP, na sigla em inglês), que ajuda as comunidades rurais a implantar projetos de desenvolvimento.

Criado em 2003, o NSP faz doações aos conselhos municipais para financiar estradas, pontes e outras obras de infraestrutura, assim como manter programas de educação e alfabetismo.

"A IRC está arrasada e de luto com as mortes dos nossos colegas, que estão trabalhando por um Afeganistão melhor", afirmou o presidente da IRC, George Rupp.

"Oferecemos nossas mais profundas e sinceras condolências às famílias, amigos e trabalhadores parceiros dos que foram mortos", acrescentou.

Instalada no Afeganistão desde 1988, a IRC decidiu suspender temporariamente suas operações no país.

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Embora Gulran seja uma localidade remota na fronteira com Irã e Turcomenistão, Herat é considerada uma das mais estáveis e seguras províncias do Afeganistão.

Grupos do Estado paquistanês têm sido acusados de financiar e controlar os rebeldes islamitas há anos, mas o governo de Islamabad nega qualquer envolvimento e garante que trabalhará para por fim à guerra no país vizinho.

O vice-governador da província de Paktia, Abdul Wali Sahee, afirmou que os seis motoristas de caminhão encontrados mortos na segunda-feira haviam sido sequestrados pelos talibãs há duas semanas, a caminho da província de Khost.

"Tentamos negociar a entrega deles com a ajuda dos moradores mais velhos do povoado, mas os talibãs mataram os caminhoneiros. Encontramos os corpos na noite passada", lamentou.

Em um outro episódio violento, um suicida foi morto por guardas em Cabul, nesta terça à noite, quando tentava atacar um ministro do governo. Um civil ficou ferido.