Beirute - A reação da Síria e dos aliados deve ser limitada em caso de um ataque ocidental pontual, mas uma ofensiva de envergadura com o objetivo de derrubar o regime de Bashar al-Assad incendiaria a região, segundo os analistas de política internacional. "Tudo depende da natureza, da amplitude e do objetivo de uma ofensiva ocidental. No momento, penso principalmente em um ataque de advertência, nada mais", explicou Joseph Bahout, professor da Sciences-Po París. "Neste caso, nem (o movimento xiita libanês) Hezbollah, nem o Irã irão além", acresentou.
No entanto, para Basam Abu Abdallah, diretor do Centro de Damasco para os Estudos Estratégicos, qualquer ataque, inclusive limitado, pode resultar em algo maior. "Os americanos poderão atacar para preservar sua imagem frente aos aliados que criticam a postura de espera, para chegar em posição de força ante os russos nas negociações de paz e para dar uma mão aos rebeldes", explicou. Mas, segundo ele, se o ataque acontecer, isto provocará uma resposta e "toda a região entrará no conflito e será uma guerra regional, mesmo que atualmente nenhum dos protagonistas queira revelar suas cartas".
"Quem garante que um confronto desse tipo não resulte numa guerra total e que uma resposta ao ataque químico não vá abrir as portas do inferno?, questiona Ibrahim al Amine, diretor do Al-Akhbar, jornal libanês ligado à Síria e ao Hezbollah.
Em entrevista ao jornal russo Izvestia, o presidente sírio Bashar al-Assad advertiu a Washington que um ataque ocidental fracassará, como "em todas as guerras anteriores, começando pelo Vietnã". Para os aliados de Damasco, a linha vermelha é uma ação militar para derrubar o regime.
"A Síria conta na região com verdadeiros amigos que não permitirão que este país caia em mãos dos Estados Unidos, Israel ou grupos takfiri (extremistas sunitas)", afirmou o chefe do Hezbollah em abril. Um porta-voz do grupo pró-regime sírio Frente Popular de Libertação da Palestina-Comando Geral (FPLP-CG) assinalou na segunda-feira que "os interesses na região de todos aqueles que participarem na agressão contra a Síria serão alvos legítimos".